Com o ator e diretor artístico do Grupo Galpão, Eduardo Moreira, e a participação especial da psicóloga e sexóloga Ana Canosa.

O episódio #23 do almasculina” traz uma conversa com o ator e diretor artístico do Grupo Galpão, Eduardo Moreira (@edumoreiraator e @grupogalpao), fala sobre amor, paternidade, luto, teatro e seus personagens, trabalho em coletivo, cenário político atual … Sempre relacionados à sua visão sobre as masculinidades.

A psicóloga e sexóloga Ana Canosa (@anacanosa) é a nossa convidada no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

Ouça aqui o episódio na íntegra:

– Assista à gravação na íntegra e o LUGARES COMUNS, com a Ana Canosa, no nosso canal no Youtube!

– Confira a nossa coluna quinzenal no nosso blog!

ASPAS

“João de Ferro – Um Livro Sobre Homens”, de Robert Bly

“A mente contemporânea poderia desejar descrever o intercâmbio entre pai e filho como uma aproximação de atitudes, uma imitação, mas eu creio que ocorre uma troca física, como se uma substância estivesse passando diretamente para as células. O corpo do filho — não a sua mente — recebe, e o pai fornece esse alimento, em um nível muito abaixo da consciência. O filho recebe uma cura, não por imposição das mãos, mas do corpo. Suas células recebem o conhecimento do que é um corpo masculino adulto. O corpo mais jovem aprende em que freqüência o corpo masculino vibra. Começa a compreender a canção cantada pelas células masculinas adultas, e como dançam as encantadoras, elegantes, solitárias, corajosas e semi-envergonhadas moléculas masculinas.

Durante os longos meses que o filho passou no ventre da mãe, seu corpo afinou-se bastante bem com as freqüências femininas: aprendeu como as células da mulher transmitem, quem se inclina ante quem naquele campo de ressonância, que animais correm pela clareira relvada, o que o corpo escuta à noite, quais os seus medos superiores e inferiores. Quão firme se torna o corpo do filho, antes do nascimento e depois, um bom receptor para as freqüências superiores e inferiores da voz materna! Ou o filho sintoniza essa freqüência, ou morre. Lentamente, com o passar de meses ou anos, as cordas corporais do filho começam a vibrar em consonância com o corpo masculino mais velho, um corpo por vezes imperioso, de um humor difícil, irreverente, irritado, teimoso, impulsivo, amante do silêncio. Tanto as células masculinas como as femininas encerram uma música maravilhosa, mas o filho precisa vibrar na freqüência masculina tão bem quanto na feminina.

Os filhos que não tiveram passado por essa ressintonização sentirão fome de pai durante toda a vida. Creio que chamar esse anseio de “fome” é exato: ao corpo do jovem faltam sal, água ou proteínas, exatamente como faltam proteínas ao corpo e ao aparelho digestivo inferior de uma pessoa faminta. Se não as encontrar, o estômago acabará devorando os próprios músculos. Esses filhos famintos se juntam em torno de homens mais velhos como desabrigados em torno de um caldeirão de sopa. Como os desabrigados, eles se envergonham da sua condição, e essa vergonha é sem nome, amarga, inexpurgável. Por mais que se solidarizem com seus filhos famintos, as mulheres não podem substituir para eles essa substância específica que lhes falta. Mais tarde, o filho pode tentar consegui-la de uma mulher da sua idade, mas também isso não será possível”.

ESCUTA AQUI

Eduardo Moreira indicou:

Filmes do diretor mexicano Luis Strada, como:

“Um Mundo Maravilhoso” (2006):

Um mexicano sem-teto, buscando um lugar para dormir, invade um prédio onde acontecerá a entrevista coletiva convocada pelo governo para anunciar o fim da pobreza. Sua presença é interpretada como um protesto, ele ganha uma casa e vira celebridade;

“A Ditadura Perfeita” (2014):

Um incentivo bilionário motiva um conglomerado de TV a criar notícias falsas para melhorar a imagem de um político corrupto;

Série “Califado” (2020), com direção de Goran Kapetanovic:

É uma série de TV de drama sueca, que tornou-se a série mais vista de todos os tempos no streaming sueco SVT Play. A série tem a forma de thriller e aborda o tema do fanatismo religioso;

Documentário “Éramos um Bando” (2020), direção de Marcelo castro, Pablo Lobato e Vinícius Souza:

O filme acompanha o Grupo Galpão durante um período de isolamento social. Impedidos de estrear no teatro a 25a montagem da companhia, devido a uma pandemia mundial, as atrizes e atores se encontram durante dez dias para uma primeira experiência artística no ambiente virtual.

Paulo Azevedo indicou:

Série “Normal People” (2020), dirigido por  Lenny AbrahamsonHettie Macdonald, acompanha uma história única e envolvente de Marianne e Connell, dois jovens de origens distintas que vivem o primeiro amor em meio às sutilezas das classes sociais e dos problemas familiares, em uma pequena cidade da Irlanda e a universidade em Dublin. A série de 12 episódios da BBC está disponível no Starzplay, um canal do Amazon Prime;

Documentário O Dilema das Redes” (2020), dirigido por Jeff Orlowski, mostra como os magos da tecnologia possuem o controle sobre a maneira em que pensamos, agimos e vivemos. Frequentadores do Vale do Silício revelam como as plataformas de mídias sociais estão reprogramando a sociedade e sua forma de enxergar a vida. Disponível na Netflix;

O canal do Youtube do Grupo Galpão, com espetáculos, entrevistas e conversas com os atores, diretores e parceiros.

LUGARES COMUNS com a psicóloga e sexóloga Ana Canosa sobre “Sexualidade para geração idosas”:

Paulo Azevedo: “Como abordar a sexualidade para pessoas de geração anterior a nossa? Pais avós, que viveram uma experiência mais tradicional de família ou até religiosa.”

Ana Canosa: “Acho que assim que o canal do diálogo e do discurso é sempre o melhor, nem sempre a gente consegue fazer, né…porque uma coisa é eu começar a conversar com você e te solicitar a olhar no meu ser sendo…no meu ser por inteiro, fazer  com que você saia do seu lugar pra me olhar e você estar disposto e mesmo difícil, pra você sair desse lugar, outra coisa é eu falar e você simplesmente  recusar qualquer tipo de manifestação diferente que eu acredito que tem que ser o exercício da sexualidade e do afeto nas pessoas. Eu dou aula na 3ª idade, na faculdade, sobre esse tema também. Há vinte anos atrás eu dava aula na faculdade sobre sexualidade pros idosos. Quando eu abordo esse tem para terceira idade, eu tento fazer isso com muito respeito, porque eu entendo que é complicado”.

Paulo Azevedo: “É uma outra época.”

Ana Canosa: “É uma outra época.”

Paulo Azevedo: “Outro contexto, né gente! ”

Ana Canosa: “Agora eu falo de tudo mesmo. Mas eu falo mesmo, eu dou o meu recado. Eu começo com a construção da identidade, da orientação sexual, pra eles entenderem o que é. Por que eu sei que elas não vão levantar a mão e dizer que acho que o neto é homossexual e eu tô superpreocupada com isso. Eu já me antecipo, já falo, conto, explico, e no final eu digo e tem que respeitar, porque não sei o que pah, pah…sabe?”

Paulo Azevedo: ”E, às vezes, até respeitar o caso da mulher que está solteira e não quer casar, do homem solteiro que não…né assim, independente de uma questão de orientação. Tem homens também no seu curso? ”

Ana Canosa: ”Tem. Mas é a minoria, porque os homens não procuram a faculdade tanto quanto as mulheres. 5% dos alunos da faculdade são homens, de 5 a 10%ª dos alunos das faculdades e de outras universidades da 3ª idade são homens.”

Paulo Azevedo: “Uma porcentagem muito baixa.”

Ana Canosa: “Muito baixa, mas tem aumentado, está aumentando à quantidade de homens dentro da sala de aula. Por que antigamente o cara entra na aposentadoria ou ele deprime…”.

Paulo Azevedo: “Sim…”.

Ana Canosa: “Ou ele fica enchendo o saco dentro de casa. Querendo tomar poder dentro de casa. Aí vira uma briga do inferno…”.

Paulo Azevedo: ” E controlar tudo”.

Ana Canosa: “Porque, a mulher está acostumada, essas mulheres estão acostumadas a serem as donas da casa, ali elas exercem o poder. É domínio dela. Ou casa de novo, se ficou viúvo, se a mulher morreu, então vai buscar, como é que vou buscar informação, vou estudar com 78 anos. Imagina, eu não preciso disso. Justamente, as mulheres fizeram o caminho da afirmação, falei, as mulheres foram à luta, foram atrás, isso foi um legado importante que a gente tem. Das mulheres não se envergonharem de ir em busca de…esse é um legado”.

Paulo Azevedo: “Os homens ainda precisam aprender isso de alguma maneira.”

Ana Canosa: “Ah, precisam, como é que ele vai buscar, o que ele vai fazer lá, sabe, aquele perfil profissional”

Paulo Azevedo: ”O que vão pensar de mim. ”

Ana Canosa: “ Ah, ficar lá, com as velhinhas. Então eu acho assim, é uma construção, a gente tem que ter respeito. A gente tem que conversar. Eu sempre parto das realidades. Então eu acho que não adianta você entrar num discurso que n]o é real. Pra mim tem que falar da vida real. Então eu falo, sabe quando você não quer transar, com seu marido e vocês falam: -aí que saco esse cara vem com esse pinto agora me incomodar? -Opa, essa mulher está falando uma coisa que eu já vivi. Então eu vou muito pra isso, assim. ”

Paulo Azevedo: “A comunicação é direta. ”

Ana Canosa: “ A comunicação é direta, é do que a gente sofre, é do que eu vejo, do que eu me identifico, eu sempre falo nos nós, sabe, então as pessoas. Quando você faz uma comunicação assim, de se ver no outro também, acho que facilita muito o processo de comunicação, de linguagem, de conversa, pra todos os ciclos da vida.”

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial)

Trilha sonora original, e mixagem: Conrado Goys (@conza01)

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos)

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia)

Realização: Comcultura.

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