Com os jovens Fernando Sverner, Matheus Angel e Tomás Novaes e a participação especial da psicóloga e sexóloga Ana Canosa.
O episódio #20 do almasculina” traz uma conversa com os jovens Fernando Sverner (@fe_nandosver), Matheus Angel (@math_mhesh) e Tomás Novaes (@tomasnovaes) falam sobre sexualidade, futuro profissional, política, pornografia… Sempre relacionados à sua visão sobre as masculinidades.
A psicóloga e sexóloga Ana Canosa (@anacanosa) é a nossa convidada no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.
– Ouça aqui o episódio na íntegra:
– Assista à gravação na íntegra e o LUGARES COMUNS, com a Ana Canosa, no nosso canal no Youtube!
– Confira a nossa coluna semanal no nosso blog!
ASPAS
– “Agonia do Eros”, de Byung-Chul Han
“A sociedade do desempenho, dominada pelo poder, onde tudo é possível, onde tudo é iniciativa e projeto, não tem acesso ao amor enquanto vulneração e paixão. O princípio de desempenho, que hoje domina todos os âmbitos da vida, abarca também o amor e a sexualidade. (…) O neoliberalismo aciona uma despolitização geral da sociedade onde ele, não por último, substitui o eros por sexualidade e pornografia. Numa sociedade do cansaço, de sujeitos de desempenho isolados em si mesmo, começa a atrofiar completamente também o lugar onde se tocam eros e política. Torna-se impossível um agir comum e universal, um nós. (…) A ação política enquanto cupidez comum por outra forma de vida, por outro mundo, mais justo, num outro nível mais profundo, tem relação direta com o eros. Ela apresenta uma fonte energética para o rebelar-se na política. O amor é um ‘palco de dois’. Ele interrompe a perspectiva do um e faz surgir o mundo a partir do ponto de vista do outro ou do diverso”.
ESCUTA AQUI
– Fernando Sverner indicou:
Filme “Mid90s” (Anos 90 – 2019), de Jonah Hill:
Stevie, de 13 anos, mora em Los Angeles e passa o verão se dividindo entre sua conturbada vida familiar e o novo grupo de amigos que encontra na loja de skate da Motor Avenue. Disponível no Amazon Prime Video.
Filme “Jojo Rabbit” (2020), de Taika Waititi:
– O filme usa o humor para expor o fanatismo ao retratar a Segunda Guerra Mundial através dos olhos de um menino alemão (Roman Griffin Davis) que foi doutrinado pela juventude nazista. Ele fica consternado ao descobrir uma menina judia vivendo no sótão de sua casa. Estreou mundialmente no 44.º Festival Internacional de Cinema de Toronto, ano passado, no qual ganhou o prêmio da escolha do público.
Série “Midhunter” (2017), dirigida por David Fincher:
Em 1977, — nos primeiros dias da psicologia criminal e do perfil criminal no FBI — Mindhunter gira em torno dos agentes do FBI Holden Ford e Bill Tench, que entrevistaram assassinos em série presos, com o intuito de entender como esses criminosos pensam e aplicam esse conhecimento para resolver os casos em curso.
– Matheus Angel indicou:
Perfil “Grita Projeto!” : Projeto criado por mulheres com intuito de ampliar e fortalecer vozes femininas.
Documentário “O Silêncio dos Homens” (2019), dir. audiovisual de Luiza Castro e Ian Leite / uma iniciativa Papo de Homem:
O filme traz depoimentos de homens e profissionais ligados à saúde mental e sociologia, além de dados de uma pesquisa do Consórcio de Informações Sociais (CIS) da USP (Universidade de São Paulo). que ouviu mais de 40 mil pessoas em questões relacionadas à masculinidade (também indicado no episódio #2 e nas lives #4 e #5). Disponível no Youtube;
O filme traz depoimentos de homens e profissionais ligados à saúde mental e sociologia, além de dados de uma pesquisa do Consórcio de Informações Sociais (CIS) da USP. que ouviu mais de 40 mil pessoas em questões relacionadas à masculinidade (também indicado no episódio #2 e nas lives #4 e #5). Disponível no Youtube;
– Tomás Novaes indicou:
Música “Quando Vi Meu Pai Chorar”, de Celso Viáfora;
Filme “Tudo Sobre Minha Mãe” (1999), de Pedro Almodóvar:
Um provérbio grego diz que apenas mulheres que lavaram seus olhos com lágrimas podem ver claramente. Este provérbio não se aplica à Manuela. À noite em que um carro atropelou o seu filho Esteban, Manuela chorou até que seus olhos ficassem completamente secos. Longe de ver com clareza, o presente e o futuro se confundem na escuridão. Ela começa a procurar por seu pai, que tornou-se um travesti. Disponível no Telecine e no Youtube.
– Paulo Azevedo indicou:
– Série “The Politician” (2019), criada por Ryan Murphy:
Criada pelo fenômeno Ryan Murphy, responsável por sucessos como American Horror Story, Glee, Pose, a série retrata o adolescente Payton Hobart (Ben Platt) sonha em se tornar presidente dos Estados Unidos. Enquanto o tão almejado cargo não chega, o garoto de família rica tem todo o seu futuro traçado, o que inclui vencer a disputa pelo comando do grêmio estudantil de sua escola, conseguir sempre as melhores notas e passar para Harvard. Mas o Ensino Médio vai ser muito mais difícil e competitivo do que ele imaginava. Disponível na Netflix.
– Série “Boca a Boca” (2020), criada por Esmir Filho:
Em uma cidade do interior, uma garota acorda depois de uma festa infectada por um vírus transmitido pela boca. Além dos dramas comuns para a idade, os adolescentes do local vivem com medo da doença e de que seus segredos sejam descobertos. Em “Boca a Boca”, os jovens da cidadezinha fictícia de Progresso são infectados com uma doença misteriosa que é transmitida pelo beijo. Parece que é uma história feita sob medida para a pandemia causada pelo novo coronavírus, mas ela já estava pronta quando a doença chegou ao Brasil. Esmir Filho começou a desenvolver a série há dois anos, pensando em outras epidemias da história —a principal delas foi a do surgimento do HIV, nos anos 1980. Disponível na Netflix.
– Coluna #16 do blog do almasculina, em parceria com o Culturadoria: O que é almasculina?
LUGARES COMUNS com a psicóloga e sexóloga Ana Canosa
Paulo Azevedo: “Pornografia: educação e iniciação ou um problema?”
Paulo Azevedo: “Pornografia: educação e iniciação ou desserviço? Quais são os conflitos em relação a essa ferramenta, a essa área dentro da sexualidade?”
Ana Canosa: “Bastante polêmico. Porque existem artigos ou pesquisas científicas que mostram que muitos adolescentes e jovens aprendem sobre prática sexual via pornografia e que isso não é nefasto. Existe toda uma outra corrente de pensamento que vai mostrando o quanto que a pornografia limita as práticas sexuais de uma determinada maneira muito violenta contra a melhor. Terceiro olhar pra isso que é a questão do corpo feminino, essa coisa de vender o corpo. Então, é uma questão mais ideológica. E tem uma quarta questão, que eu chamaria atenção que é: eu usar a pornografia e a pornografia virar quase como um recurso muito imediato, que hoje é muito fácil, eu vou usar a internet, o vídeo pornô no celular, todo mundo tem, a qualquer momento, e isso me distanciar um pouco da relação afetiva carnal com outra pessoa. E isso gerar algum tipo de disfunção. Por exemplo: você pega homens com uma iniciação sexual em pornografia, com muita prática de masturbação via pornografia, tem dificuldade, por exemplo, de ter orgasmo sexual com a parceira na penetração, na relação sexual porque aquilo é muito diferente daquilo que ele está acostumado. Começa com um tipo de prática sexual, que você tem fantasia, mais “comunzinha”, tipo sei lá, duas mulheres e um cara. Dali a pouco, você tá assim nos vídeos ó… Aí você vai direto para onde você se excita – o vídeo é de 4 minutos, o começo você já pula, direto praquela prática. Acabou aquele, você já vai pra outro. Dali a pouco, você tá assistindo uma prática sexual que você nunca nem imaginou. Ai, você fala: ‘Meu, onde eu tô?’. Tem esse lugar da pornografia como dependência que também tá acontecendo muito. Tem aumentado a incidência de homens que se sentem dependentes da pornografia pra se excitar com dificuldade de fazer sexo com os parceiros. E são várias questões: desde o nível de excitação que eu tenho que ter, é aquele monte de gente transando daquele jeito ou com aquela prática que na vida real não é assim; e eu tenho de falar para o parceiro/a que eu gosto daquilo. Então, fica dissociado, né? Tem um ganho de prazer porque eu encontro essa imagem e eu me masturbo e pronto. Na relação sexual, eu vou precisar de outra coisa. Se eu não desenvolver essa coisa vai ficar mais difícil.
Eu acho que a gente tá mudando, tem filmes hoje na pornografia feito por mulheres e para mulheres. Então, já tem outras visões. Tem a visão mercadológica que tem que ver, a coisa de usar o corpo, a condição desses atores e dessas atrizes, de onde esses filmes aparecem… Agora tem uma questão que eu vou chamar que é pra questão da educação. Enquanto a gente não puder falar de prazer sexual, a gente vai usar o filme pornô. Porque se eu falar pra um adolescente como funciona o corpo feminino e o masculino, que tipo de coisas dão prazer, se eu abrir para discussão do prazer de outra maneira, talvez a gente não precise ficar na clandestinidade do filme pornográfico só pra excitação. Embora, eu acho que ele serve também para a excitação. Ele é uma ferramenta. Então, a avaliação sobre a pornografia é muito ampla.
O que me chama muito atenção, em 2017 ou 18 nos dados do Pornhub, foram os temas mais buscados durante o ano. Pornhub pra quem não sabe é um dos sites de filmes pornográficos gratuitos do mundo, tem bilhões de acesso por dia etc. Quais foram os 10 temas mais acessados? 1º, lésbica; 2º, hentai, é um tipo de um quadrinho sexual animado. Então, é aquela figura desenhada, animada sexualmente, um quadrinho animado. Então, se você vê que o tema 2 não é nem humano, já temos um problema aí. Depois, dos outros 8, 4 eram associados à figura materna: mom (mãe), step mother (madrasta), step sister (meia irmã) e MILF (Mother I’d Like To Fuck – mãe que eu quero transar). Aí, eu fiquei pensando: ‘Gente, que curioso: de 10 temas mais buscados, 4 se relacionam a pessoas da família ou de figuras femininas. O que será que isso significa? Será que a gente precisa buscar um aconchego até na pornografia?’. Eu achei muito louco. Eu não sei o que vocês pensam sobre isso. Mas, assim, não tem uma leitura desse estudo dessa estatística. Me chamou a atenção”.
Paulo Azevedo: “A psicanálise dá uma resposta que eu acho que tem a ver com isso. Esse apartamento, esse apartar do menino da figura materna muito cedo, perder esse colo muito cedo porque estar ligado à figura feminina significa ser feminino também. Ele não pode chorar, enfim, tudo aquilo que a gente já ouviu…”.
Ana Canosa: “Eu fico pensando: o que tá faltando? O que a gente tá buscando? Então, não tá buscando só o sexo pelo sexo. Existe aí na figura do outro pra quem eu desejo um lugar de aconchego. Essa é a leitura que eu faço”.
almasculina é feito por:
Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial)
Trilha sonora original, e mixagem: Conrado Goys (@conza01)
Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos)
Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia)
Realização: Comcultura.
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