Chegamos ao último episódio semanal da retrospectiva com os melhores momentos de 2020. Espero que, você tenha conhecido um pouco de tudo que vivenciamos juntos ano passado. E, quem sabe, queira escutar os episódios na íntegra que ainda não ouviu ou relembrar aqueles que mais curtiu!

Nesta quarta e última parte, você confere a seleção de alguns do melhores momentos das conversas com os nossos convidados dos episódios #25 ao #28 com MIGUEL PESTANA, ISMAEL DOS ANJOS, BERNARDO DE ASSIS e FELIPE PONTUAL.

E relembramos também a participação do professor e pesquisador FÁBIO MARIANO DA SILVA no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos. Aproveite!

Ouça aqui o episódio na íntegra:

ASPAS

– Artigo “7 Lições de um ano de anarquia de relacionamento”, de KC Clements, publicado na Revista Together

“Anarquia relacional é sobre muitas coisas. É sobre resistir à tendência de hierarquizar nossos relacionamentos, com romance no topo e amizade abaixo dele. É sobre recusar-se a fazer distinções entre relacionamentos românticos, sexuais e platônicos. É sobre deixar os relacionamentos serem o que são e não tentar forçá-los a modelos dados ou socialmente aceitáveis. Trata-se de desenvolver redes amorosas de comunidade e apoio.

O objetivo da anarquia relacional não é, como alguns acreditam erroneamente, adotar uma política de “oba-oba” cega para como suas ações afetam os outros. Os anarquistas de relacionamento, de fato, assumem compromissos, mas os termos desses compromissos são adaptados às relações individuais. E compromissos nunca são feitos no interesse de limitar a autonomia de outra pessoa.

Não pretendo sugerir que todos devam buscar a anarquia relacional. Simplesmente não funciona para todo mundo. Requer muito trabalho emocional e exige que resistamos a tudo o que aprendemos sobre relacionamentos amorosos — o que, por si só, requer enormes quantidades de energia.

O que eu quero mostrar é como levar a sério os princípios da anarquia relacional, mesmo no contexto de uma parceria monogâmica, pode nos ajudar a desenvolver relacionamentos mais saudáveis, expectativas mais realistas e redes de apoio mais fortes”.

Leia também o artigo “Um breve manifesto instrucional para a anarquia relacional”, criado por Andie Nordgren e publicado em sueco como “Relationsanarki i 8 punkter” pelaInteracting Artsem 2006.

LUGARES COMUNS com o Fábio Mariano da Silva sobre “Transgêneros e Masculinidades”.

Paulo Azevedo: “Na conversa com a cartunista Laerte, no episódio 5, ela comentou sobre o preconceito em algumas alas do feminismo em relação às mulheres trans, crossdresser etc. Existe o mesmo nas articulações das masculinidades em relação aos homens trans, homossexuais e outras minorias políticas?”

Fábio Mariano da Silva: “Existem, existem. Porque como a gente diz aqui, as masculinidades muitas vezes elas acabam reproduzindo, elas acabam essencializando as discussões e quando elas essencializam, elas acabam fazendo uma coisa que é se preocupar mais comigo do que necessariamente comigo, com o outro, com o entorno e assim por diante, então isso vai acontecer. Os homens vão criando barreiras, que são barreiras de dificuldade em torno de entender essas outras possibilidades. E essas possibilidades não são universais, então quando você fala assim, um homem de um homem trans gay, na cabeça de muitas pessoas isso é quase que impossível, como é, já não basta ser trans, já não basta… você não reivindicar a heterossexualidade como uma norma possível, você ainda vai exercer uma sexualidade que é subalternizada, uma masculinidade gay, uma masculinidade bissexual, e assim por diante. Esse preconceito, ele é um preconceito que vai acontecer. Ele acontece muito escancaradamente, porque há grupos que se reúnem em que esses marcadores sociais são simplesmente proibidos de participar. Mas é preciso entender que a gente tem que avançar nessas discussões e avançar nessas discussões significa se despir desses preconceitos e de preconceitos que vão fazer que você exclua ao invés de abrir possibilidades, senão o que vai acontecer, você continua acordando com um padrão universal e você continua excluindo as pessoas. Qual é o tipo de sociedade que você vai formar quando você exclui, é um tipo de sociedade que ela já está fraturada porque você continua perpetuando esse tipo de sociedade e a gente precisa romper essa barreira de preconceito que você diz que ele existe, ele existe de maneira muito acentuada, de homens que não pactuam com determinadas masculinidades que eles consideram menos viris, menos homens assim por diante”.

Paulo Azevedo: “O que essas pessoas mais reclamam para você?”

Fábio Mariano da Silva: “Marcadores sociais eles são marcadores que te excluem de determinadas redes. Então das redes de trabalho, de saúde, de saneamento, de educação, assim por diante, mas também de exclui das redes de sociabilidade, afetividade da prática de afetividades. O intuito desse discurso universal civilizatório, é desumanizar qualquer tipo de masculinidade que não seja a masculinidade padrão, que não seja uma masculinidade dada pela biologia, então, quando você faz isso, você essencializa o discurso, você exclui essas pessoas das rotas, você diz o seguinte: você nasceu homem, porque você nasceu com um pênis, não! Você nasceu mulher, porque você nasceu com seios e vagina, embora o seio se forme com o tempo e tal, mas você nasceu com vagina. Então você vai refutar qualquer pessoa que fuja daquela regra. Por isso que homens trans e mulheres trans são tão excluídas dos meios sociais e das redes de acesso ao afeto, ao emprego e assim por diante há uma solidão que permeia esses grupos, muitas vezes isso vai acontecer também com o homem trans, porque vai dizer que ele não é um homem completo, como se a completude se desse única e exclusivamente pela genitália. Do ponto de vista biológico. Do ponto de vista do machismo, patriarcado, a mulher é o corpo incompleto, é o homem invertido, no século XVIII, do ponto de vista sexual, sempre vai dizer o que, a mulher é o homem invertido, é por isso que os homens gays, antigamente, eram chamados de homens invertidos eles tinham jeito de mulher, eram afeminados por causa do trejeito, daí as pessoas falavam, olha lá o invertido, porque ele era comparado sempre a uma mulher, que era a imperfeição. Você é educado para constituir relações, que são relações sem desejo, porque, porque como se você nunca fosse digno, porque como se você nunca fosse passível de receber amor, ou de receber afeto e assim por diante. A sociedade sempre vai agir com um tipo de economia, de sentimentos para esses grupos. Por exemplo sou um homem cisgênero, me reconheço como tal, mas eu sempre trabalhei com homens e mulheres transexuais, no próprio Transcidadania. E é um grupo ao qual eu sempre tenho uma atenção especial, se eu vou dizer assim voltar o meu olhar no exercício do direito, olha gente, precisamos pegar nas mãos das travestis, que estão sendo mortas antes dos 35 anos, a gente precisa garantir que essa vida se estenda e tenha direito a viver, que tenha direito a uma vida como eu tenho. Mais a gente precisa falar para os nossos, precisa falar para os homens que a gente tem que romper determinados fotos, senão o que vai continuar acontecendo é que mulheres serão excluídas, pessoas negras serão excluídas, LGBTQI+ serão excluídas e assim por diante. Ninguém quer mexer no privilégio”.

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Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos).

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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