Com o mercadólogo digital e ativista Bruno Amorim e a participação especial do professor e pesquisador Fábio Mariano da Silva.

O episódio #37 – Parte 2 do almasculina” traz o mercadólogo digital e ativista Bruno Amorim (@_brunoam), que fala sobre paternidades negras, ativismo… Sempre relacionados à sua visão sobre as masculinidades.

O professor e pesquisador Fábio Mariano da Silva (@fabioms08) é o nosso convidado no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

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– Ouça aqui o episódio na íntegra:

– Assista à gravação na íntegra e o “Lugares Comuns”, com o Fábio Mariano da Silva, no nosso canal no Youtube!

LUGARES COMUNS com o Fábio Mariano da Silva sobre “Masculinidades e escalas de privilégios”:

Paulo Azevedo: “A gente já teve vários convidados aqui que abordaram uma escala de privilégios. Quais seriam esses níveis nessa escala e o que formou essa escala?”

Fábio Mariano da Silva: “Essa escala é muito fácil de identificar, porque é uma escala que é dada pelo privilégio. E o privilégio sempre assentiu que homens brancos de classe média, muito especialmente, classe média alta, ou aqueles que são detentores de direitos a mais tempo, não é? Porque conseguem capitalizar do ponto de vista econômico-financeiro, mais poder e, assim por diante. Esse é o modelo que se estabeleceu dentro das nossas sociedades. Então, se eu não chego nesse nível de perfeição, que é o homem bem-sucedido, que é o homem bem estabelecido, o homem que pode prover uma família, uma casa, aquele que se dá bem do ponto de vista do trabalho, do ponto de vista da saúde, da educação, o que eu vou fazer é considerar que os outros modelos são modelos falidos. Que não deram certo, que não alcançaram aquele ideal de perfeição desse homem branco universal que a gente diz. Então se você me falar de uma escala, a gente pode estabelecer muitas escalas, a gente pode inclusive considerar que esse não é um tema completamente unânime. Porque a gente pode dizer o seguinte, o homem branco do ponto de vista do privilégio, ele está lá em cima. Daí você diz: o homem negro, ele está numa escala de privilégios, acima das mulheres negras, embora ele esteja abaixo das mulheres brancas, ele está acima das mulheres negra. A gente vê isso quando ele tem acesso em termos salarias ou de acesso mesmo a determinados postos. Mas a gente precisa considerar que esse homem negro também galgou uma série de obstáculos do ponto de vista percentual, nós vemos uma sociedade que é composta por mais de 50% de pessoas negras, esse homem negro sequer chegou a esses lugares de sucesso. Embora ele tenha conseguido ali, um ou outro lugar, a gente vai ver que ele nunca está em cargos de gerência, mas a gente pode falar também dos homens trans, das quais as pessoas não falam, das quais as pessoas não acordam, por quê? Porque continuam considerando que há o quê? Que há uma invisibilidade em torno desse homem. Quando você considera dessa invisibilidade, você vai dizer, bom, se os homens negros chegaram aí, os homens trans sequer conseguiram chegar. Os homens gays por sua vez, as pessoas costumam dizer o seguinte: ‘Ah, os homens gays chegaram em determinado ponto do direito, do lugar de fala, de representatividade’, nem sempre. O que se fez, foi acordar determinados postos de poder e privilégio para que se chegasse até lá. O que a gente está dizendo? A gente está dizendo de lugar que muitas vezes, você tem uma ideia de que chegou, mas você não alcançou como, aquele homem perfeito no mesmo lugar. Pode exercer determinada função, você pode ter se formado para determinada função, mas você não vai exercê-la plenamente. Porque o preconceito, o heteroterrorismo, porque o racismo que estrutura as relações presentes em nossa sociedade, elas vão apontar para você e dizer, olha, até aqui você vem, daqui você não vai passar”.

Paulo Azevedo: “Essa estrutura ela não tem espaço, uma flexibilidade, por exemplo?”

Fábio Mariano da Silva: “Não.”

Paulo Azevedo: “Por que uma mulher negra, nunca vai ser um homem branco, um homem trans negro, nunca vai ser, um homem trans branco, por exemplo. Se a gente for considerar cada parte, se a gente for para homens trans, aí que vai ter uma infinidade de escalas também nesse recorte.”

Fábio Mariano da Silva: “Você vai, por exemplo, considerar que existem homens trans, homens trans negros, homens trans negros que são homossexuais ou bissexuais ou assexuais. Então, dentro dessas escalas, as pessoas começam a dizer assim: ‘Ah, mas é muito chato isso, porque você vai diluir’. Se você vai diluir ou se você não vai, a questão é outra. A questão é que você precisa criar um sentimento de identidade, de identificação e de pertencimento a determinados grupos. E isso fará diferença para essas pessoas. Fará diferença, por quê? Porque, a partir do reconhecimento, de quem você é, do que você faz, que vai exatamente acontecer essa política de reivindicação de cidadania que vai se dá. Então você diz, o homem negro passa a reivindicar o direito a ser considerado um homem. A questão é, a raça chegará antes do fato dele ser homem. Então, ele será julgado pela cor, depois será julgado pelo fato de ser homem. Então essas escalas de opressão, essa forma como a gente vai entender essas várias identidades, é que vão instar a gente a pensar como é que a gente vai poder identificar esses homens e porque eles são tão invisibilizados. Então homens negros, homens trans, homens gordos, homens gays afeminados. Os homens gays afeminados são extremamente objetificados, então essa pergunta que você faz, ela é um leque de possibilidades e interpretações sobre as várias masculinidades que a gente vem reivindicando através dos tempos.”

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos).

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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