Com a atriz e diretora Bárbara Paz e a participação especial do cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza

O episódio #39 – Parte 1 do @almasculina com a atriz e diretora Bárbara Paz (@barbararaquelpaz), que fala sobre machismo, relacionamento, amor, maternidade… Sempre relacionados à sua visão sobre as masculinidades.

O cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza (@altayals) é o nosso convidado no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

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– Ouça aqui o episódio na íntegra:

– Assista à gravação na íntegra no nosso canal no Youtube!

LUGARES COMUNS com Altay de Souza (@altayals) sobre “Cérebros masculinos e femininos”:

Paulo Azevedo: “Pesquisas apontam que existem mais diferenças entre os cérebros de homens do que os cérebros de homens e mulheres. Inclusive, no episódio #23 do podcast Naruhodo, que você tem junto com o Ken Fujioka, nosso convidado do episódio #24, vocês falam sobre isso. O que a ciência diz hoje, sobre a real diferença entre os cérebros masculinos e femininos? Existe realmente um “essencialismo” do que é ser homem e do que é ser mulher? ”

Altay de Souza: “ Obrigado pelo convite antes de mais nada. Sobre cérebro de homens e mulheres, uma coisa muito importante que não é tratada na mídia em geral, é o que é ser homem e mulher, né? Existe uma discussão muito grande agora na questão de gênero, identidade de gênero e tudo mais, e uma grande confusão, na verdade. Então quando você fala, diferença de cérebros de homens e mulheres, tem que definir que nível de análise você está falando, está? Eu vou tratar aqui da explicação do nível de análise da causa material biológica, apenas. Então, eu não vou falar de gênero, vou falar de sexo, está. Isso é muito importante para evitar certos tipos de generalização que pode levar a discursos, por exemplo, transfóbicos, assim. A gente até tem um episódio no podcast Naruhodo sobre o porquê as pessoas se tornam transgêneros ou são transgêneros, enfim. Existe um mecanismo de causa material? Existe um mecanismo genético fracionado, mas ele é causa necessária, mas não suficiente par ao desenvolvimento do gênero em si. Isso é interessante, porque na biologia, no século XIX, desde o século XIX existe isso, o conceito de um biólogo, chamado Conrad Hal Waddington, que é chamado creodo, o creodo é o seguinte, quando você é só um óvulo fecundado no início, quando você está ali nas primeiras fases do desenvolvimento embrionário, mórula, blástula, você já tem genes, existe toda uma programação genética para o desenvolvimento daquele feto, só que esse desenvolvimento está ainda potencial. Vamos imaginar que eu tenho um gene alterado para desenvolver uma doença genética, só que eu ainda estou no óvulo, um óvulo fecundado, ainda estou nos primeiros instantes da geração da vida. Esse gene alterado ainda não é a doença, ele é potencialmente, ele existe um creodo. Os genes na verdade eles geram uma redução de probabilidades de diferentes desenvolvimentos do corpo, ou de funções ou de estruturas do corpo. Então, quando você olha um feto, ele é basicamente um creodo, ele é a soma de potencialidades. Essas potencialidades vão se substanciar a partir do momento que o feto consegue se desenvolver e depois quando ele nasce, e depois ainda com a interação com o ambiente. Então esse conceito de creodo é muito importante de separar, por exemplo, quando a gente vai falar de cérebro de pessoas do sexo masculino e do sexo feminino. Independente de sexo, gênero e identidade de gênero, você pode dividir todos os homo sapiens, todas as pessoas em dois grupos. As pessoas que são capazes de gerar filhos, de se reproduzirem e as que não são. Biologicamente, você pode separar todos os indivíduos, independente do que ele sabe sobre ele mesmo, ou conhece sobre ele mesmo, há indivíduos que são capazes de se reproduzir e outros não. Essa característica biológica determina uma série de pressões seletivas, uma série de creodos. Mesmo que você tenha identificação com o sexo feminino ou identificação com o gênero feminino, não é, mas está dentro de um corpo de um homem, nasceu com o corpo de um homem, por exemplo, existe um creodo genético para uma identificação de gênero, mas existe também uma materialidade, uma causa material para outra, isso gera um conflito. Por isso que esse conflito acontece, populacionalmente, numa menor parte dos casos. Na maior parte dos casos é esperado que haja uma consonância entre sua identidade geral de gênero e o seu sexo biológico. Em relação ao cérebro é uma coisa um pouco parecida, temos diferenças, sim entre cérebros de pessoas do sexo masculino e do sexo feminino, existe essa diferença, sobretudo pela ação de hormônios. As diferenças se dão no volume de algumas áreas cerebrais em relação a outras, mas o mais importante não é a diferença, na verdade nos estudos de biopsicologia, é que diferença não necessariamente pressupõe vantagem. Por exemplo, eu posso ter uma causa material genética para ser mais alto. Eu ser mais alto que outra pessoa, a rigor é uma diferença, mas não pressupõe uma vantagem a rigor. Mais alto me possibilita fazer algumas coisas que as pessoas mais baixas não conseguem, mas vice-versa, os mais baixos também conseguem. Então, não necessariamente, é uma vantagem. As pessoas focam muito na existência de diferenças para justificar vantagens que na verdade não são por causa dessas diferenças. Temos diferenças, sim, entre os cérebros de homens e mulheres em algumas áreas. Na verdade, no que diz respeito ao volume de algumas áreas, mas isso é resultante da ação de hormônios, principalmente, durante o desenvolvimento embrionário e também, durante a puberdade. A partir dos 11-12-13-14 anos, isso gera diferenças, isso mostra que existem pressões seletivas diferencias para as estratégias reprodutivas de pessoas do sexo masculino e feminino e quando essas potencialidades, esses creodos se dão num ambiente social, com certeza acontecerem diferenças. Coisa que potencialmente por causa material você tem uma maior predisposição para desenvolver ou não desenvolver por conta da interação com o ambiente, você pode mudar essas probabilidades de desenvolvimento ou não. A grande discussão por trás dessa fala, na verdade, se existe o essencialismo, sim. O essencialismo não nasce na genética. Ele nasce na interação entre o creodo biológico e o meio social. O próprio fato de você perguntar se uma coisa é biológica ou cultural, já mostra uma falsa dicotomia. E, é por isso que você não consegue enxergar o essencialismo. O essencialismo, ele nasce numa probabilidade. O essencialismo que temos de essencial, mesmo, a existência de probabilidades para o desenvolvimento de certas competências na junção dos creodos biológicos e os meios sociais determinados por um certo contexto histórico. Então, isso é muito importante! Então, a grande mensagem é: ”o que existe de essencial nas pessoas? ” São as suas potencialidades, que depois no meio social vão se tornar probabilidades e diferenças não pressupõem vantagens. Isso é uma grande mensagem que vocês têm que levar para vocês. ”

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos).

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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