Com o cineasta Cacau Rhoden e a participação especial do cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza

O episódio #40 – Parte 1 do @almasculina com o cineasta Cacau Rhoden (@cacaurhoden), que fala sobre machismo no audiovisual, resgate da própria criança, saúde integral, sobre muros e pontes e longevidade… Sempre relacionado à sua visão sobre as masculinidades. 

O cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza (@altayals) é o nosso convidado no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

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– Ouça aqui o episódio na íntegra:

– Assista à gravação na íntegra no nosso canal no Youtube!

LUGARES COMUNS com Altay de Souza (@altayals) sobre “Masculinidades e autorreflexão”:

Paulo Azevedo: “A gente percebe uma relutância dos homens em discutir e refletir sobre si, sobre a relação com os outros e sua responsabilidade pelo entorno. Inclusive no Naruhodo, seu podcast com o Ken Fujioka, no episódio #39 – ‘A ignorância é uma bênção?’, vocês falam um pouco sobre esse estado de alienação ou esse jeito de tolerar o mundo nessa suposta busca pela felicidade. Existe alguma razão para isso?”

Altay de Souza: “Pensando com o meu chapéu de psicólogo, a rigor para além da sociedade, não existe nenhuma razão material para homens terem maior dificuldade de fazerem autorreflexão. Assim, não existe nenhuma predisposição cognitiva, algo do tipo. Reflexão do seu estado interno, é uma coisa que todo mundo, homem mulher, independente, demora alguns anos para ter, pensando pela psicologia do desenvolvimento, assim, a capacidade de você conseguir refletir sobre seu estado interno, é uma coisa que começa aos dois anos, mais ou menos, sobretudo pela linguagem, mas vai se estabelecer de verdade mesmo para ter um auto fala, os pequenos têm muito auto fala, elas falam muito com elas mesmas, mas para essa auto fala se tornar interiorizada, e ela vir a ser aquela voz que você tem dentro da sua cabeça, vai levar até os 7 ou 8 anos, pelo menos. Então, é muito tempo, aí a criança sai de uma fase mais motora, onde o comportamento motor é muito importante, e entra numa fase operatória. E a grande característica é também o desenvolvimento motor, mas é o trabalho com as operações mentais. Então, Piaget chama, a fase sensório-motora, que á a primeira que vai até os 2 anos, que é basicamente reagir ao seu corpo e tal. Daí vem a linguagem, você tem o pré-operatório, depois você vai ter o operatório concreto, depois a partir dos 12-13 anos o operatório formal. A nossa capacidade de refletir sobre nosso estado, começa realmente no pré-operatório que é os 7 anos. E você viveu 7 anos da sua vida pra poder criar essa vozinha dentro de sua cabeça, então, nesses primeiros 7 anos, você, e é uma coisa que aparece muito, porque os homens têm essa dificuldade de discutir e refletir sobre si, porque nos primeiros 7 anos de vida que é o espaço onde cria-se as potencialidades sobre isso, não existe uma discussão com os meninos, no caso, sobre isso. Não existe muito essa partilha, é esperado que as meninas brinquem de casinha, é esperado que as meninas contem histórias. Os meninos também brincam de casinha, do jeito deles com alguma diferença. Os meninos contam histórias também. Desde o nascimento até os dois anos de idade meninos e meninas são muito parecidos, a questão é que, o meio vai fazendo exclusões, o meio vai colocando interditos nas falas dos meninos, quanto das meninas, por razões diferentes. Se você pega, por exemplo, numa formação padrão, assim, é esperado que as meninas assumam tarefas, e, essas tarefas geram autorreflexão. É esperado que os meninos assumam outros tipos de posição, e, às vezes, é esperado que os meninos reajam a coisas e não reflitam tanto, sobre coisas. Então, na verdade essa relutância dos homens em discutir e refletir sobre si mesmo, é uma coisa que a gente vê no homem adulto, mas na verdade é o resultado de um treinamento que vem desde a infância. Uma coisa que não pode se dizer do homem médio, moderno, é que ele não é coerente, ele é coerente com a educação limitante que ele teve. Uma educação que ele teve que reagir a coisas, se portar e se adequar a coisas ao invés de parar e pensar sobre o estado deles. A grande questão é ligada à aprendizagem. Existe uma causa inerente para os homens não se preocuparem com si mesmos, coisa e tal? Não, não, não existe causa uma causa priori é como as pessoas de fora veem a identidade daquele homem. E é por isso, hoje em dia, pegando pelos últimos dez anos, por exemplo, a gente tem muita variabilidade, a gente tem uma variabilidade maior de homens. Se você pegar de 30 anos atrás, não, essa variabilidade era bem menor, mais estereotipado, assim. Você tinha muitas variabilidades do comportamento feminino, assim, no masculino era menos, era mais estereotipado. Hoje a gente vê uma florescência maior, uma variabilidade maior o que é muito produtivo. Ainda essa questão de refletir sobre si mesmo, sua relação com os outros e tal, é algo que tem que ser trabalhado a partir dos 7 anos, por exemplo, antes também, principalmente, partir da fase operatória, tipo que você faria em cada situação? Colocar o menino para fazer uma situação e depois perguntar: O que você achou? É bem interessante quando você pega a criação de meninos assim, sobre isso, que o menino tem que fazer, não importa o que você faça, o que você fizer e parece que você se portou, está bom. Você não precisa refletir, dificilmente, para quem tiver ouvindo a gente, se você for homem, dificilmente lhe perguntaram o que você achou. Perguntaram porque você não está fazendo assim? Tem que fazer, tal. O que é esperado, faça! Mas não é esperado o que você achou. O que você aprendeu, o que você tirou de lição, isso não é esperado de ser dito. Por isso você não aprende a refletir sobre si mesmo, de nós mesmos. Eu mesmo sofro muitas dificuldades com isso, creio que todo mundo. A ideia é contribuir na discussão para que os meninos do futuro errem cada vez menos nesse tipo de autorreflexão, é isso aí, gente! Obrigado mais uma vez a até a próxima!”

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos).

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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