Com o psicólogo, terapeuta reichiano e facilitador de grupos Miguel Pestana e a participação especial do professor e pesquisador Fábio Mariano da Silva.

O episódio #25 do almasculina” traz uma conversa com o psicólogo, terapeuta reichiano e empreendedor Miguel Pestana (@miguel.psidocorpo @conchapsi) fala sobre saúde, sexualidade, relacionamentos não-monogâmicos, terapia reichiana, sua descendência indígena… Sempre relacionados à sua visão sobre as masculinidades.

O professor e pesquisador Fábio Mariano da Silva (@fabioms08) é o nosso convidado no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

Ouça aqui o episódio na íntegra:

– Assista à gravação na íntegra e o LUGARES COMUNS, com o Fábio Mariano da Silva, no nosso canal no Youtube!

ASPAS

Artigo “7 Lições de um ano de anarquia de relacionamento”, de KC Clements, publicado na Revista Together

“Anarquia relacional é sobre muitas coisas. É sobre resistir à tendência de hierarquizar nossos relacionamentos, com romance no topo e amizade abaixo dele. É sobre recusar-se a fazer distinções entre relacionamentos românticos, sexuais e platônicos. É sobre deixar os relacionamentos serem o que são e não tentar forçá-los a modelos dados ou socialmente aceitáveis. Trata-se de desenvolver redes amorosas de comunidade e apoio.

O objetivo da anarquia relacional não é, como alguns acreditam erroneamente, adotar uma política de “oba-oba” cega para como suas ações afetam os outros. Os anarquistas de relacionamento, de fato, assumem compromissos, mas os termos desses compromissos são adaptados às relações individuais. E compromissos nunca são feitos no interesse de limitar a autonomia de outra pessoa.

Não pretendo sugerir que todos devam buscar a anarquia relacional. Simplesmente não funciona para todo mundo. Requer muito trabalho emocional e exige que resistamos a tudo o que aprendemos sobre relacionamentos amorosos — o que, por si só, requer enormes quantidades de energia.

O que eu quero mostrar é como levar a sério os princípios da anarquia relacional, mesmo no contexto de uma parceria monogâmica, pode nos ajudar a desenvolver relacionamentos mais saudáveis, expectativas mais realistas e redes de apoio mais fortes”.

Leia também o artigo “Um breve manifesto instrucional para a anarquia relacional”, criado por Andie Nordgren e publicado em sueco como “Relationsanarki i 8 punkter” pela Interacting Arts em 2006.

ESCUTA AQUI

Miguel Pestana indicou:

Livro “Escute, Zé Ninguém”, de Wilhelm Reich:

Esta é a obra mais “popular” de Reich, em que ele mostra o que o homem comum faz a si mesmo: como sofre, como se revolta, como homenageia seus inimigos e mata seus amigos, como sempre que conquista o poder em “nome do povo” ele o utiliza mal e transforma em algo mais cruel do que a tirania à qual estava subjugado anteriormente, nas mãos da elite.

Músicas da cantora Ceumar:

Cantora, violonista e compositora das Minas Gerais, Ceumar tem 7 álbuns autorais – “Espiral” (2019), “Silencia” (2014), “Ceumar & Trio – Live in Amsterdam” (2010), “Meu Nome” (2009), “Achou!” com Dante Ozzetti (2006), “Sempre Viva” (2003), “Dindinha” (1999).

Músicas do cantor Rubel:

Cantor, compositor e músico carioca. Em 2011 Rubel foi estudar Artes na Universidade do Texas em Austin e durante esse período começou a escrever as primeiras canções. Em 2013, lançou seu primeiro trabalho intitulado Pearl. A canção “Quando Bate Aquela Saudade” fez um enorme sucesso na internet, ganhando videoclipe em setembro de 2015 com direção do próprio Rubel.Em 2017, Rubel foi contemplado pelo edital da Natura Musical para lançar seu segundo álbum. Em março de 2018 foi lançado o álbum Casas. Em setembro do mesmo ano, o álbum recebeu uma nomeação ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa.

Filme “Encantadora de Baleias” (2002), de Niki Caro:

Um vilarejo entra em crise quando o herdeiro da líder more no parto, deixando apenas sua irmã gêmea, Paikea. Abandonada pelo pai, uma garota vivie com os avós e é constantemente rejeitada pelo povo de seu vilarejo. Atee que um dia, a pequena encontra-se para desfiar sua família, abraçar mil anos de tradição e cumprir seu destino.

Série “Sex Education” (2019), criada por Laurie Nunn:

Otis (Asa Butterfield) é um adolescente socialmente inapto que vive com sua mãe, uma terapeuta sexual. Apesar de não ter perdido a virgindade ainda, ele é uma espécie de especialista em sexo. O sucesso da série pode ser atribuído a diversos fatores muito bem realizados, como o humor ácido, as atuações surpreendentes de atores novatos, a diversidade ou a trilha sonora certeira. Mas o que Sex Education tem de realmente único é a sua perspectiva genuína e apresentação sem firulas sobre o que é o sexo e os problemas sexuais da adolescência. Disponível na Netflix.

– Paulo Azevedo indicou:

Dois filmes citados na coluna #20 da coluna do blog do almasculina, em parceria com o canal Culturadoria:

Filme Os Sonhadores (2005), de Bernardo Bertollucci:

Em 1968, o jovem Matthew vai estudar em Paris, onde conhece os gêmeos Isabelle e Theo. Os três logo se tornam amigos, dividindo experiências e relacionamentos, enquanto Paris vive a efervescência da revolução estudantil.

Filme Jules et Jim – Uma Mulher Para Dois (1962), de François Truffaut:

Dois artistas, um austríaco e um francês, se apaixonam pela mesma mulher. Esse amor se estende no tempo por mais de 20 anos. Mas, quando a Primeira Guerra Mundial acontece, o triângulo se desfaz.

Filme “Ela” (Her – 2014), de Spike Jonze:

Em Los Angeles, o escritor solitário Theodore desenvolve uma relação de amor especial com o novo sistema operacional do seu computador. Surpreendentemente, ele acaba se apaixonando pela voz deste programa, uma entidade intuitiva e sensível, chamada Samantha. Foi indicado a vários Oscar e venceu como melhor roteiro original. Disponível na Netflix, Globoplay e Amazon Prime Video.

Série “Masters of Sex” (2013-2016), de Michelle Ashford:

A série é uma adaptação do livro não ficcional “Masters of Sex: The Life and Times of William Masters and Virginia Johnson”. Durante os anos 50, na pequena cidade americana de Saint Louis, os cientistas William Masters (Michael Sheen) e Virginia Johnson (Lizzy Caplan) realizaram pesquisas sobre o comportamento sexual humano. Seus estudos impulsionaram a revolução sexual e fizeram com que ficassem conhecidos em todo país. Ao longo dos 24 episódios, acompanhamos os romances, o dia a dia incomum de quem tem a sexualidade como objeto de pesquisa e os percalços profissionais e pessoais da dupla lidando com muitas quebras de tabus. Disponível no Amazon Prime Video e no GloboPlay.

LUGARES COMUNS com o Fábio Mariano da Silva sobre “Comportamentos liberais X conservadores”.

Paulo Azevedo: “Ao mesmo tempo em que notamos que as novas gerações propõem novas formas de relacionar com o corpo, com as emoções, inclusive os homens. A gente percebe também, por outro lado, que existe uma enorme quantidade de pessoas que acreditam que, por exemplo, em pesquisas apontam, que o feminismo é ruim para a sociedade. Entre muitas aspas, ou não saber o que é e quais são os efeitos do machismo ou da misoginia, na pesquisa que eu vi, eu fiquei impressionado com isso, assim com esses dados, embora em pesquisas a gente tenha recortes muito específicos. Como é que você vê esse paradoxo entre uma geração vindo propondo coisas, e novas formas de relacionar mais abertas e livres e fora desses padrões machistas por outro lado ainda uma grande parcela da população desconhecendo o que é machismo ou achando que feminismo é um mal pra sociedade”.

Fábio Mariano da Silva: “É… eu boto uma fé nessas novas gerações e novos grupos e porque acompanho. Por isso que eu acho que a insurgência, a transgressão, é que vão fazer com que a gente consiga avançar e consegue avançar, por quê? Porque rompe essas barreiras, barreiras dadas pelo binarismo de gênero, essas barreiras raciais, fazendo com que a branquitude se discuta e discuta os seus privilégios, os acessos de pessoas negras, e assim por diante. Então, esses novos movimentos tendem a fazer isso e tende a aumentar, porque de onde nós estávamos e de onde nós estamos hoje, a situação ainda é muito ruim, mas acho que ela é muito esperançosa. Há uma falta de conhecimento do que significa exatamente, você reproduzir um comportamento machista, ou o quanto ele é nocivo, ou o quanto você sequer se dá conta, porque eu sempre falo, se você quer irritar uma pessoa branca, basta você falar das características brancas dela. A primeira coisa que ela vai dizer é que eu estou praticando racismo reverso, é a primeira coisa, isso é batata,quando começo a falar dos estereótipos, os tipos, assim por diante, ela começa a falar, ‘mas isso também é racismo’, porque ela nunca se pensou, porque ela nunca foi questionada. Assim como os homens, que nunca se questionaram e passaram a fazer. Então, a primeira reação deles é: ‘Feminismo é uma coisa ruim: é mulher peluda, mulher que não quer ter filho, mulher que quer determinadas relações que não são convencionais’ e assim por diante. mas isso começa a ser revisto, justamente porque nós avançamos nesses institutos, que são institutos contra hegemônicos, digamos, você vai ouvir: ‘Ah, mas as mulheres já estão no mercado de trabalho’. Mas eles não conseguem, por exemplo, considerar ou  interpretar que elas chegaram ao mercado de trabalho após muita luta e muita negociação para entrar no mercado de trabalho, porque quando entrou inclusive, entrou ganhando menos. O espaço público que elas tiveram que negociar,muitas vezes negociaram, negociaram e negociaram.Passaram a ter cotas dentro dos partidos, mas de 30%, quando nós temos um percentual muito acima de mulheres nas nossas sociedades. Então veja: os homens, vários grupos começam a se mobilizar, a política tem dado bom exemplo quando ela começa a tratar de uma coisa que é fundamental, que são os mandatos coletivos, quando eles vão fazendo mandatos de homens, mulheres, pessoas cis, pessoas trans, pessoas brancas, pessoas negras, pessoas asiáticas, assim por diante. Isso demonstra o que, demonstra um avanço, e é um avanço que, por exemplo, hoje parece pouco, hoje é incipiente, mas amanhã a gente vai ver, olha isso daqui foi fundamental para que a gente pudesse fazer. Os homens ainda vão demorar em muitas regiões do país ainda, pra entender o que as feministas estão dizendo. Muitos outros têm avançado e pra dizer nós temos de fato esse problema,nós fomos educados para não demonstrar afeto, fomos educados para não demonstrar relações saudáveis entre homens e mulheres e assim por diante.   Mas nós temos grupos que quando percebem isso, começam a discutir, como é que você muda a partir de si,mas também como você pratica isso no seu meio social,como é que você pratica no seu meio familiar, como é que você pratica isso no seu meio de trabalho,e assim por diante. A despeito de ondas conservadoras que existam,  da repetição de determinados comportamentos que sejam comportamentos conservadores, outros caminhos vão se formando, e é por aí que a gente tem que avançar. Inclusive, porque, veja esse avanço, não é um avanço que se dá só do ponto de visto das rodas, dos encontros de homens. Ele se dá por meio das redes sociais e as redes sociais devem se utilizar. Isso alcança você pode dizer, é pouco, incipiente, mas isso vai alcançar isso vai chegar, e você vai conseguir estabelecer… quando o Paulo está aqui conversando comigo, essa conversa vai chegar em um homem que talvez nunca tenha pensado o que significa a palavra feminismo.Talvez ele vá lá procure, que a palavra feminismo era atribuída a uma doença que deixava homens com características femininas, ele começa a ter uma visão nociva, ruim,do que seja o feminismo, mas ele vai entender também que a palavra foi ressignificada e nessa ressignificação passou a entender que o feminismo um movimento em busca de direitos, de igualdade e assim por diante. Porque antigamente você procurava o que era masculinidade e você encontrava médicos para disfunção erétil remédios para melhor performance…”

Paulo Azevedo: “Aumente seu pênis”.

Fábio Mariano da Silva: “Aumente seu pênis, assim por diante. Hoje você dá uma busca por masculinidades, você encontra várias coisas ”.

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial)

Trilha sonora original, e mixagem: Conrado Goys (@conza01)

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos)

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia)

Realização: Comcultura.

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