Com o fundador do Prazerele, Claudio Serva, e a participação especial do cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza
O episódio #41 – Parte 1 do @almasculina com o fundador do Prazerele, Claudio Serva (@claudioserva), que fala sobre sexualidade, pandemia, machismo, pornografia… Sempre relacionados à sua visão sobre as masculinidades.
O cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza (@altayals) é o nosso convidado no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.
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– Ouça aqui o episódio na íntegra:
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LUGARES COMUNS com Altay de Souza (@altayals) sobre “Masculinidades e Agressividade”:
Paulo Azevedo: “Segundo estatísticas, os homens são os maiores agentes e “vítimas” de violência, sendo os que mais sofrem com a falta de autocuidado físico, psíquico e emocional, além de recordistas do número de suicídios e uma série de doenças. Por que o homem é mais sujeito ao risco? É cultural ou genético?”
Altay de Souza: “Obrigado pela atenção de todos, existe uma correlação entre o sexo masculino e a maior predisposição à violência. Uma coisa importante aqui da pergunta, quando você pergunta se há associação entre ser homem e violência, se é algo cultural ou genético, mostra uma falsa dicotomia. Não existe diferença entre cultura e biologia, é a mesma coisa hoje em dia, de você separar saúde e economia. Na verdade, essa separação é puramente uma separação para o trabalho, assim, cientificamente essa diferença não existe. Se você acha que existe separação entre cultura e biologia, na verdade, isso é um viés da sua formação, muito mais do que uma questão teórica real. Hoje em dia, existe uma tendência muito grande a colocar cada um dos fatores que predispõe a associação entre um comportamento e um efeito, como se fosse uma equação em que cada variável tem um certo peso. Então, a associação entre sexo masculino e violência, tem um fato biológico e tem um fator cultural. A questão é o peso de cada um, varia conforme o contexto, a idade, conforme o tempo, e por aí vai. A primeira mensagem é quebrar a dicotomia entre cultural e genético, na verdade não existe. Estatisticamente, de fato, os homens são muito mais perpetradores de violência e também sofrem mais violência, em geral. Pensando, biológica, ou numa forma, fisiologicamente, a gente tem um hormônio principal que é relacionado a agressividade, e aí, é importante separar a agressividade de violência. Violência é o resultado, violência não é um comportamento. Violência é um julgamento sobre um comportamento, agressividade, não. A pessoa pode ser agressiva, por exemplo, quando ela é impositiva, quando fala mais alto, ou quando ela tem iniciativa. Muitas vezes, as pessoas confundem e isso é muito comum no mercado de trabalho. Você confundir, não! Você tem que ter iniciativa, na verdade você tem que ser agressivo. Agressividade diz muito mais respeito a uma postura da pessoa, uma característica ligada a influência da pessoa, do que necessariamente fazer o bem ou o mal a uma pessoa. A violência não, a violência é um julgamento sobre um comportamento. Podemos dizer que o principal hormônio ligado a isso é a testosterona. Níveis mais altos de testosterona, aparecem em homens quanto em mulheres, porque o que importa não é o valor da testosterona, não dá para falar que, sei lá, se uma pessoa tem a testosterona maior que 10, estou inventando um valor, ela é mais agressiva. Não existe isso, não existe valores de corte, a questão é a relação da proporção de testosterona e de estrógeno no corpo, tanto o homem quanto a mulher têm estrógeno e testosterona no corpo. A questão é, homens têm uma proporção maior, mas mesmo mulheres, quando elas têm proporcionalmente mais testosterona, elas também ficam mais agressivas. A agressividade pode não necessariamente desembocar em violência, isso é um potencial. Componente biológico seria que homens têm uma proporção maior de testosterona em relação ao estrógeno no corpo, isso predispõe a eles a uma maior agressividade. O aspecto social, cultural, histórico, enfim, vem em como você usa essa agressividade. Você pode usar essa agressividade em, por exemplo, ser uma pessoa mais automotivada, ou para ser uma pessoa com maior iniciativa, ou mais assertiva, ou também você pode usar para bater nos outros. Vai também de como você coloca esse potencial de agressividade, como você deposita isso nos diferentes locais sociais. Esse é o papel antropológico do homem. Antropologicamente, ou pelo menos, na nossa cultura ocidental, olha só da forma como a gente tem hoje nas grandes cidades, as mulheres, paulatinamente têm a primazia do cuidado e os homens da violência. Então você nasce com um potencial agressivo, mas que pode se substanciar em violência por meio dessa interação e do papel que é esperado para você. O homem é sim mais sujeito ao risco à medida que ele é ou tem mais iniciativa. Existe a ideia dos papeis de gênero e tem vários, várias modalidades, ainda mais hoje em dia, tem uma gama de modalidades de papeis de onde os homens podem se adequar. Alguns geram mais predisposição ao risco e outros menos, por exemplo, a ideia do homem provedor, a ideia clássica das últimas décadas, por exemplo, predispõe a muitos riscos, assumir para você mesmo esse papel de um homem sempre provedor e tal, pode predispor você a utilizar agressividade que você tem de forma inerente, em situações que podem lhe expor ao risco. Não precisa ser um risco de violência de bater nos outros ou de apanhar, mas pode ser o risco de se envolver em estratégias onde você tem possibilidade de um ganho muito grande, mas também um risco muito grande. Dívidas, jogos de azar, coisas do tipo, em todos esses casos o homem é mais suscetível, a grande mensagem aqui é mostrar que agressividade tem um componente inerente, a agressividade não é violência, tem nada a ver uma coisa com a outra, pode ser, mas não é. Existe uma intersecção, mas não é tão grande quanto as pessoas acham e a ideia é a gente ressignificar os papeis que o homem pode ocupar socialmente, e tentar aplicar essa agressividade que nos é inerente, transformar essa agressividade em algo como iniciativa ou uma maior predisposição a foco ou a mais atividades ou focar numa tarefa ou coisas do tipo. Espero que tenham aproveitado essa discussão e nos vemos na próxima! Muito obrigado!”
almasculina é feito por:
Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).
Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).
Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos).
Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).
Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).
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