Com o músico e compositor Pedro Altério e a participação especial do cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza

O episódio #48 – Parte 1 do @almasculina traz o músico e compositor Pedro Altério (@pedroalterio), que fala sobre referências de masculinidades, música, autoconhecimento, relacionamentos… Sempre relacionados à sua visão sobre as masculinidades.

O cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza (@altayals) é o nosso convidado no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

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– Ouça aqui o episódio na íntegra:

– Assista à gravação na íntegra no nosso canal no Youtube!

LUGARES COMUNS com Altay de Souza (@altayals) sobre “Masculinidades, poder e autoridade”:

Paulo Azevedo: Os homens ainda são muito educados para a busca do poder, de se pautar pelo sucesso no trabalho e na carreira. No entanto, essa competição feroz do Mercado de trabalho gera muito medo e insegurança, uma ideia constante de escassez. Quais são os efeitos dessa corrida sem fim? ”

Altay de Souza: “Para responder essa pergunta tem uma reflexão interessante que é a diferença entre poder e autoridade. O poder em geral, ele é uma relação que se constrói entre agentes, você tem uma relação entre agentes, onde um agente tem claramente uma vantagem sobre o outro. Seja porque ele é maior, mais forte, tem mais recursos, ou qualquer tipo de vantagem que estabelece o poder. Relação de poder você não vê só em seres humanos, você encontra em diversos organismos, você vê entre predador e presa, entre macho e fêmea ou entre espécies de tamanhos diferentes e coisas do tipo, brigando por certo recurso ou por certo ambiente. Então, o poder é algo muito disseminado, muito comum. Autoridade é um pouquinho diferente, é sempre instituída por alguém, eu posso ser, por exemplo, mais forte que você, mas isso não quer dizer que eu tenha autoridade sobre você. A autoridade é atribuída pelo outro, então quando você pensa numa autoridade do Estado, por exemplo um policial, em geral é porque as pessoas dão legitimidade para um outro ente para que ele tenha poder, para que as ações dele sejam vistas como poder dentro de uma comunidade. Por exemplo, os soldados, os policiais, tropas de segurança, coisas do tipo por um consenso social é atribuem autoridade nessas entidades e isso faz com que elas tenham poder sobre as pessoas por um bem maior comum, por exemplo, a proteção do grupo frente a agentes externos ou a própria segurança interna. Muitas vezes essa  educação que os homens recebem para a busca do poder, ela não é dissociada da autoridade, essa ideia de se pautar pelo sucesso no trabalho e na carreira, ser bem sucedido não é só uma questão de poder, mas também de autoridade então, a gente tem muita gente que apesar de ter dinheiro, ter recurso, ter coisas do tipo , elas buscam na verdade é autoridade, buscando o reconhecimento dos outros isso pra mostrar que elas são provedoras, ou elas são importantes, ou ela merece a atenção dos outros. Isso é bem interessante, porque os homens não são educados só para ter poder. Eles são educados na verdade para ter autoridade e com base nisso ter poder também. E isso não vem só do mercado de trabalho, vem das expectativas que as pessoas criam sobre o homem bem-sucedido, coisa que pessoalmente, tenho por objetivo nunca ser. Detesto que um dia eu possa ter a ideia de ser bem-sucedido me dá um frio na espinha, assim. Porque vem um peso muito grande, porque na verdade ser bem-sucedido, é uma visão da autoridade que o outro coloca em mim que é uma autoridade que não quero assumir. Ela não merece na verdade ela tem um custo muito grande, é um poder que na verdade você não precisa ter. Isso está numa relação com uma mulher e que essa mulher tem expectativa de que você é o provedor e numa sociedade como a de hoje, isso coloca um peso, na verdade a pessoa tenta colocar em você uma autoridade que não necessariamente você precisa assumir, mas há uma expectativa de que você assuma, isso gera muito sofrimento, é um paradoxo muito grande, tem essa competição do mercado de trabalho, mas isso tende a ser minimizado com o tempo. Então quando você pensa em mercado de trabalho você pode flexibilizar o que é ser bem-sucedido em função, na verdade do que você espera para você mesmo. Busca da autorrealização ou busca de ter um pouco mais de conforto ou busca de fazer bem a pessoas que você tem apreço. Isso são coisas que você não necessita, necessariamente, de autoridade ou poder, mas sim reconhecimento. E uma solução para esse estado de coisas, dessa busca por poder, que no fim é somente correr atrás do próprio rabo, buscar reconhecimento daquilo que você faz pelo outro muitas vezes a gente quer ser bem-sucedido, quer ter poder, não no sentido de usufruir disso, mas sim para que os outros, um outro que a gente tenha algum interesse, note a gente ou reconheça aquilo que a gente faz. Não necessariamente é uma pessoa que você tem um relacionamento afetivo. Às vezes, pode ser pai, mãe ou um colega ou algo do tipo. Os efeitos dessa corrida sem fim são com certeza nefastos para a saúde, para percepção de tempo, você com certeza vai conhecer alguém que passou a vida trabalhando e quando ela se aposenta, a vida perde o sentido. Muito triste chegar nessa posição porque passou a maior parte do tempo da sua vida e você não viveu. A vida em si, a vida não é difícil. Difícil é viver, difícil é colocar essa vida em movimento, de uma forma que gere realizações que para você seja significativo, não para os outros, necessariamente. É muito difícil você desvencilhar disso e ter esse espaço de afeto para você mesmo para você ser uma pessoa realizada antes de pensar nos outros, tem que pensar em você mesmo, pensar no que você gostaria para você mesmo, com base naquilo que você faz. Isso vai gerar no outro, se esse outro realmente gosta de você uma sensação de que aquilo que você está fazendo, vale a pena: “Nossa essa pessoa está fazendo uma coisa que parece que ela realmente gosta! ” Ela vai gostar de estar fazendo aquilo, isso gera autoridade. Então quando você vê uma pessoa que realmente gosta daquilo que ela faz, parece que o tempo que ela aplica nas coisas é bem aplicado, dá um sentido parece que a pessoa é realizada e aí ela ganha autoridade de ser percebida pelos outros como alguém que está usufruindo da sua vida da melhor forma possível, vivendo uma vida que merece ser vivida. É isso que eu espero para todos vocês, certo? Obrigado!”.

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PEDRO ALTÉRIO indicou:

– Série “Manhãs de Setembro” (2021), de Josefina Trota, Alice Marcone e Marcelo Montenegro:

Série brasileira com 5 episódios, produzida pela Amazon, “Manhãs de Setembro” conta a história de Cassandra (Liniker), uma mulher trans que trabalha como motogirl em São Paulo e que tem na música sua maior força. Ela precisou abandonar sua cidade para realizar seu sonho de se tornar cover de Vanusa, cantora brasileira que fez sucesso na década de 70. Após anos de muito sofrimento, Cassandra vive agora um momento de estabilidade: ela consegue alugar um apartamento só seu e descobre o amor na figura de Ivaldo (Thomas Aquino). Contudo, tudo se complica quando sua ex-namorada, Leide (Karine Telles), reaparece com um menino que diz ser seu filho. Disponível no Amazon Prime Video;

Paulo Azevedo indicou:

– Filme “X & Y” (2018), de Anna Odell:

A artista sueca Anna Odell realiza um experimento social em que desafia os papéis de gênero na nossa sociedade. Num cenário especialmente concebido, ela se confronta com o ator sueco e ícone masculino Mikael Persbrandt, e convida sete outros atores para viver com eles e agir como alter egos dela e de Mikael.Assim como os cromossomos X e Y, essa produção traz um estímulo para modificar nossas visões sobre as representações da mídia dos gêneros. Vivemos uma sociedade que precisa se mostrar mais aberta a esse tipo de discussão. O filme brinca com o real e o ficcional, o que é bem experimental, parece uma aula de teatro em que os atores interpretam versões de si mesmos, o que se aproxima bem da realidade. Afinal, nós, seres humanos, temos uma personalidade, mas ela vai se adequando de acordo com o ambiente em que estamos. Disponível no MUBI;

– Três dos oito filmes do cineasta dinamarquês Anders Thomas Jensen:

“Loucos Por Justiça” (Riders of Justice – 2020), de Anders Thomas Jensen:

O filme mergulha na história de um militar que perde a esposa num acidente que tem tudo para ser conectado com a máfia local. Ao lado de três cientistas-hackers, eles buscarão vingança em uma furiosa saga conspiratória. Faz uma mistura de comédia, drama e fábula tocante nesse olhar afetuoso de Jensen para as peculiaridades da natureza humana mais o modo caloroso como ele acolhe os absurdos da vida transformam Loucos por Justiça: mesmo no meio da selvageria de que Markus é capaz e da violência que às vezes toma a tela, a história que está sendo contada aqui é outra — parte comédia de cinema mudo, em que personagens atrapalhados tentam se manter à tona onde não dá pé, , parte um drama tocante sobre como é difícil aceitar que às vezes coisas ruins acontecem e não há ninguém de cuja conta se possa debitá-las. Disponível no Now, YouTube, Google Play e em outros serviços.

“Homens e Galinhas” (Men & Chicken – 2015), de Anders Thomas Jensen:

Gabriel (David Dencik) e Elias (Mads Mikkelsen) são irmão, mas muito diferentes entre si. Gabriel é um desgastado professor universitário e Elias um homem sem muitas preocupações além das triviais. Ao saberem que seu pai morreu, os irmãos descobrem por um vídeo deixado pelo falecido que ele na verdade não era o pai biológico dos dois. Gabriel e Elias descobrem que seu verdadeiro pai mora na ilha Ork e decidem ir até o local, onde conhecem sua verdadeira família. O encontro repleto de pessoas anormais os deixa em choque, mas também os liberta.

“Entre o Bem e o Mal” (2005), de Anders Thomas Jensen:

Adam, um neonazista, sai da prisão e vai prestar sua pena em serviços comunitários sob supervisão do padre Ivan. Ele recebe a tarefa de fazer uma torta com as frutas da famosa macieira em frente à igreja. Mas os pássaros e vermes estão atacando a planta. O padre acredita que é o diabo que os esta testando. Adam, no entanto, crê que o ataque vem de Deus, porque para ele o mal não existe.

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos).

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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