Com o médico gerontólogo Alexandre Kalache e a participação especial do cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza

O episódio #47 – Parte 2 do @almasculina traz o médico gerontólogo Alexandre Kalache (@ilc.br), que fala sobre referências de masculinidades, envelhecimento, autocuidado e saúde integral… Sempre relacionados à sua visão sobre as masculinidades.

O cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza (@altayals) é o nosso convidado no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

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– Ouça aqui o episódio na íntegra:

– Assista à gravação na íntegra no nosso canal no Youtube!

LUGARES COMUNS com Altay de Souza (@altayals) sobre “Masculinidades e autocuidado”:

Paulo Azevedo: “Quais seriam as razões da falta de intimidade do homem com o próprio corpo? O fato de termos sido criados numa sociedade falocêntrica e uma excessiva comparação entre os homens influência nisso? ”

Altay de Souza: “Existe de fato uma falta de intimidade do homem com o próprio corpo, até é interessante essa pergunta porque a gente tem que definir o que é intimidade, não é? Quando a gente vê em estudos mais formais, o que as pessoas entendem por intimidade com o corpo, a maior parte dos estudos são pensados, quando você pensa em visão de corpo, são pensadas na mulher. Então a gente tem muitos estudos sobre como as mulheres veem o corpo tanto de uma forma adaptativa como desadaptativa, daí tem estudos linchando com problemas alimentares, problemas de autoimagem, por aí vai e recentemente, coisa dos últimos vinte anos, mais ou menos, começou-se a notar que os homens fazem parte dessa área de estudo, também, enquanto objeto de estudo. Daí tem saído uma grande quantidade de trabalho sobre isso. Tanto em escalas que você faz para medir, a qualidade e o grau de autocuidado, quanto da percepção do próprio corpo. E muitos desses trabalhos validados em homens, que aí têm resultados bem interessantes, assim. As duas facetas principais do estudo, da imagem do corpo, quando você mede isso, a avaliação que o indivíduo faz sobre seu próprio físico e o grau com o qual a pessoas o homem investe na sua aparência. Então, a imagem do corpo tem uma parte passiva e uma parte ativa. A parte passiva é: como você avalia seu estado físico e a parte ativa é quanto você investe para melhorar sua aparência ou seu estado físico de saúde, não precisa pensar numa questão só estética. O interessante assim, com base nesses trabalhos atuais, a gente revê um pouco isso. Que a questão não é que o homem tem pouca intimidade com o próprio corpo, é que a visão do que é ser homem é dada por uma percepção muito pobre. Sobretudo da saúde, muito mais do que o corpo em si. Não existe uma associação entre autocuidado ainda, as coisas têm mudado recentemente, mas em média não se tem uma associação masculinidade e autocuidado. Isso é uma coisa muito, muito recente. É interessante porque os homens são vistos, por exemplo, numa visão de vinte anos atrás como os provedores. E quem provê, quem é o provedor de algo, não pode ficar doente, não pode passar mal, você nem tem tempo para ligar muito para essa autoimagem que não seja a imagem de alguém respeitado, de alguém que merece o tempo dos outros, que merece investimento, daí quando você pensa em saúde, vulnerabilidade, isso é inversamente proporcional à figura do provedor. Não é que o homem não tem intimidade com o próprio corpo é que ele usa o corpo como um objeto social diferente. Com outros usos, onde saúde não entra como um elemento. Então, a gente já tem muitos trabalhos que mostram que os homens se preocupam muito menos com a saúde, demoram mais quando manifestam algum tipo de sintoma para procurar, em geral eles dependem de uma figura, em geral, feminina ou de uma outra figura que ajude e estimule a procurar por cuidados médicos. Então, quando você pensa, nem só em cuidados médicos, mas de autocuidado, os homens têm mais dificuldade, por exemplo, para observar o próprio corpo e verificar que está ganhando peso ou que seus indicadores metabólicos por conta da idade estão mudando, isso é uma coisa que é muito prevalente nos homens. Mas não é do homem, na verdade é da figura social dele. Não acredito necessariamente que seja uma questão falocêntrica, a não ser que você entenda falocêntrica por essa dimensão de ser o provedor, de ser aquele que provém recursos, necessariamente, acho que isso está muito mais atrás dessa maneira como o homem utiliza o próprio corpo como meio social. E a mudança para isso, para você aumentar a sobrevida ou aumentar a qualidade de vida por aí vai desses homens, é de fato dividir. É abrir mão dessa figura de provedor e ser uma figura que está em busca de parceria para viver uma vida que merece ser vivida, essa parceria pode se estabelecer com o outro que não necessariamente vê esse homem como o provedor necessário, né? Na verdade, pode ser um provedor parcial, uma parceria mesmo, isso abre espaço par ao autocuidado. Então a grande mensagem dessa resposta é que quando você é visto ou assume o lugar do provedor, você não tem tempo para se cuidar. Então, a sua intimidade é algo muito estereotipada. Você avalia o seu próprio estado físico, mas você investe pouco nele, ao passo que você tornar as relações humanas, sobretudo afetivas menos verticais e mais horizontais passa também um dos reflexos positivos disso vai ser uma maior auto percepção e também um maior investimento no seu próprio cuidado com o corpo, certo? Obrigado!”.

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos).

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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