Em janeiro, enquanto retomamos o fôlego para a nova temporada, temos episódios especiais com alguns dos melhores momentos de 2021, divididos em quatro partes. O melhor de tudo, foi se dar conta do quanto foi difícil selecionar somente alguns trechos de todas as conversas incríveis que tivemos ano passado.

Aproveite a chance de conhecer um pouco de tudo que vivenciamos juntos em 2021 nessa breve retrospectiva. E, quem sabe, querer escutar os episódios na íntegra que ainda não ouviu ou relembrar aqueles que mais curtiu!

Nesta 3a parte, você confere a nossa seleção de alguns do melhores momentos das conversas com os nossos convidados dos episódios #45 ao #50: PEDRO PIRES, TONY BELLOTTO, ALEXANDRE KALACHE, PEDRO ALTÉRIO, MARCELO RUBENS PAIVA e DANIEL MUNDURUKU.

E relembramos também a participação do cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza (@altayals) no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos. Não perca!

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– Ouça aqui o episódio na íntegra:

ASPAS #48

– Livro“A Vida Não é Útil”, de Ailton Krenak:

“Foi impressionante, durante a pandemia, como aceitamos a convocatória para ficar em casa e fazer o distanciamento social. Salvo alguns excêntricos, todo mundo que pôde concordou com ela. Ora, se somos capazes de ouvir um comando desses, todos ao mesmo tempo, de permanecermos em casa, por que não seríamos capazes de ouvir o comando de parar de predar o planeta? De parar de destruir os rios e as florestas? Esse é um valor transcendente. (…)

Não consigo nos imaginar separados da natureza. A gente pode até se distinguir dela na cabeça, mas não como organismo. A possibilidade de sobrevivermos com esse corpo em Marte ou em qualquer outro planeta vai depender de um aparato tão complexo que será mais fácil arrumarmos máscaras e respiradores e continuarmos aqui (e olha que não estamos dando conta nem disso). Essas incríveis tecnologias que a gente utilizar hoje, que nos põem em conexão, têm uma boa dose de ilusão. São como um troféu que a ciência e o conhecimento nos deram e que usamos para justificar o rastro que deixamos na Terra. (…)

Muitos povos, de diferentes matizes culturais, têm a compreensão de que nós e a Terra somos uma mesma entidade, respiramos e sonhamos com ela. Alguns atribuem a esse organismo as mesmas suscetibilidades do nosso corpo: dizem que esse organismo está com febre. Faz sentido: nós não somos constituídos de dois terços de água e depois vem o material sólido, nossos ossos, músculos, a carcaça? Somos microcosmos do organismo Terra, só precisamos nos lembrar disso (…) Ainda há ilhas no planeta que se lembram o que estão fazendo aqui. Estão protegidas por essa memória de outras perspectivas de mundo. Essa gente é a cura para febre do planeta, e acredito que podem nos contagiar positivamente com uma percepção diferente da vida. Ou você ouve a voz de todos os outros seres que habitam o planeta junto com você, ou faz guerra contra a vida na Terra”.

LUGARES COMUNS com Altay de Souza (@altayals) sobre “Masculinidades e autocuidado” (#47):

Paulo Azevedo: “Quais seriam as razões da falta de intimidade do homem com o próprio corpo? O fato de termos sido criados numa sociedade falocêntrica e uma excessiva comparação entre os homens influência nisso? ”

Altay de Souza: “Existe de fato uma falta de intimidade do homem com o próprio corpo, até é interessante essa pergunta porque a gente tem que definir o que é intimidade, não é? Quando a gente vê em estudos mais formais, o que as pessoas entendem por intimidade com o corpo, a maior parte dos estudos são pensados, quando você pensa em visão de corpo, são pensadas na mulher. Então a gente tem muitos estudos sobre como as mulheres veem o corpo tanto de uma forma adaptativa como desadaptativa, daí tem estudos linchando com problemas alimentares, problemas de autoimagem, por aí vai e recentemente, coisa dos últimos vinte anos, mais ou menos, começou-se a notar que os homens fazem parte dessa área de estudo, também, enquanto objeto de estudo. Daí tem saído uma grande quantidade de trabalho sobre isso. Tanto em escalas que você faz para medir, a qualidade e o grau de autocuidado, quanto da percepção do próprio corpo. E muitos desses trabalhos validados em homens, que aí têm resultados bem interessantes, assim. As duas facetas principais do estudo, da imagem do corpo, quando você mede isso, a avaliação que o indivíduo faz sobre seu próprio físico e o grau com o qual a pessoas o homem investe na sua aparência. Então, a imagem do corpo tem uma parte passiva e uma parte ativa. A parte passiva é: como você avalia seu estado físico e a parte ativa é quanto você investe para melhorar sua aparência ou seu estado físico de saúde, não precisa pensar numa questão só estética. O interessante assim, com base nesses trabalhos atuais, a gente revê um pouco isso. Que a questão não é que o homem tem pouca intimidade com o próprio corpo, é que a visão do que é ser homem é dada por uma percepção muito pobre. Sobretudo da saúde, muito mais do que o corpo em si. Não existe uma associação entre autocuidado ainda, as coisas têm mudado recentemente, mas em média não se tem uma associação masculinidade e autocuidado. Isso é uma coisa muito, muito recente. É interessante porque os homens são vistos, por exemplo, numa visão de vinte anos atrás como os provedores. E quem provê, quem é o provedor de algo, não pode ficar doente, não pode passar mal, você nem tem tempo para ligar muito para essa autoimagem que não seja a imagem de alguém respeitado, de alguém que merece o tempo dos outros, que merece investimento, daí quando você pensa em saúde, vulnerabilidade, isso é inversamente proporcional à figura do provedor. Não é que o homem não tem intimidade com o próprio corpo é que ele usa o corpo como um objeto social diferente. Com outros usos, onde saúde não entra como um elemento. Então, a gente já tem muitos trabalhos que mostram que os homens se preocupam muito menos com a saúde, demoram mais quando manifestam algum tipo de sintoma para procurar, em geral eles dependem de uma figura, em geral, feminina ou de uma outra figura que ajude e estimule a procurar por cuidados médicos. Então, quando você pensa, nem só em cuidados médicos, mas de autocuidado, os homens têm mais dificuldade, por exemplo, para observar o próprio corpo e verificar que está ganhando peso ou que seus indicadores metabólicos por conta da idade estão mudando, isso é uma coisa que é muito prevalente nos homens. Mas não é do homem, na verdade é da figura social dele. Não acredito necessariamente que seja uma questão falocêntrica, a não ser que você entenda falocêntrica por essa dimensão de ser o provedor, de ser aquele que provém recursos, necessariamente, acho que isso está muito mais atrás dessa maneira como o homem utiliza o próprio corpo como meio social. E a mudança para isso, para você aumentar a sobrevida ou aumentar a qualidade de vida por aí vai desses homens, é de fato dividir. É abrir mão dessa figura de provedor e ser uma figura que está em busca de parceria para viver uma vida que merece ser vivida, essa parceria pode se estabelecer com o outro que não necessariamente vê esse homem como o provedor necessário, né? Na verdade, pode ser um provedor parcial, uma parceria mesmo, isso abre espaço par ao autocuidado. Então a grande mensagem dessa resposta é que quando você é visto ou assume o lugar do provedor, você não tem tempo para se cuidar. Então, a sua intimidade é algo muito estereotipada. Você avalia o seu próprio estado físico, mas você investe pouco nele, ao passo que você tornar as relações humanas, sobretudo afetivas menos verticais e mais horizontais passa também um dos reflexos positivos disso vai ser uma maior auto percepção e também um maior investimento no seu próprio cuidado com o corpo, certo? Obrigado!”.

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– Série “Manhãs de Setembro” (2021), de Josefina Trota, Alice Marcone e Marcelo Montenegro (episódio 45):

Série brasileira com 5 episódios, produzida pela Amazon, “Manhãs de Setembro” conta a história de Cassandra (Liniker), uma mulher trans que trabalha como motogirl em São Paulo e que tem na música sua maior força. Ela precisou abandonar sua cidade para realizar seu sonho de se tornar cover de Vanusa, cantora brasileira que fez sucesso na década de 70. Após anos de muito sofrimento, Cassandra vive agora um momento de estabilidade: ela consegue alugar um apartamento só seu e descobre o amor na figura de Ivaldo (Thomas Aquino). Contudo, tudo se complica quando sua ex-namorada, Leide (Karine Telles), reaparece com um menino que diz ser seu filho. Disponível no Amazon Prime Video;

– Livro “O quarto de Giovanni”, de James Baldwin:

Em “O quarto de Giovanni”, clássico moderno da literatura gay esgotado no Brasil há décadas, James Baldwin narra o encontro de um americano e um italiano em Paris.

Lançado em 1956, o segundo romance de James Baldwin é uma obra-prima da literatura americana. Com pinceladas autobiográficas, o livro trata de uma relação bissexual ao acompanhar David, um jovem americano em Paris à espera de sua namorada, Hella, que por sua vez está na Espanha. Enquanto ela pondera se deve ou não se casar com David, ele conhece Giovanni, um garçom italiano por quem se apaixona. Se em O sol também se levanta Ernest Hemingway retrata um grupo de americanos em uma Paris boêmia e fervilhante, O quarto de Giovanni explora, na mesma cidade, as agruras de personagens que enfrentam o vazio existencial ao perceber a fragilidade dos laços e as frustrações de seus desejos.
Com tradução de Paulo Henriques Britto, o livro inclui apresentação de Colm Tóibín e posfácio de Hélio Menezes.

– Minissérie “It’s a Sin”(2021), de Russel T. Davies e Nicola Shindler:

Combinando momentos de drama, humor e crítica social com uma trilha sonora sublime, a minissérie em 5 episódios consegue traduzir a euforia do início dos anos 1980, que logo se transformou em medo e horror. A trama retrata a vida de um grupo de gays e seus amigos que viveram durante a crise de HIV/AIDS no Reino Unido. “It’s a Sin” nnao só teve alta audiencia e ótimas críticas como provocou um aumento na procura por testes de HIV. Disponível no HBO Max.

Dois filmes do cineasta dinamarquês Anders Thomas Jensen:

– “Loucos Por Justiça”(Riders of Justice – 2020), de Anders Thomas Jensen:

O filme mergulha na história de um militar que perde a esposa num acidente que tem tudo para ser conectado com a máfia local. Ao lado de três cientistas-hackers, eles buscarão vingança em uma furiosa saga conspiratória. Faz uma mistura de comédia, drama e fábula tocante nesse olhar afetuoso de Jensen para as peculiaridades da natureza humana mais o modo caloroso como ele acolhe os absurdos da vida transformam Loucos por Justiça: mesmo no meio da selvageria de que Markus é capaz e da violência que às vezes toma a tela, a história que está sendo contada aqui é outra — parte comédia de cinema mudo, em que personagens atrapalhados tentam se manter à tona onde não dá pé, , parte um drama tocante sobre como é difícil aceitar que às vezes coisas ruins acontecem e não há ninguém de cuja conta se possa debitá-las. Disponível no Now, YouTube, Google Play e em outros serviços.

– “Homens e Galinhas”(Men & Chicken – 2015), de Anders Thomas Jensen:

Gabriel (David Dencik) e Elias (Mads Mikkelsen) são irmão, mas muito diferentes entre si. Gabriel é um desgastado professor universitário e Elias um homem sem muitas preocupações além das triviais. Ao saberem que seu pai morreu, os irmãos descobrem por um vídeo deixado pelo falecido que ele na verdade não era o pai biológico dos dois. Gabriel e Elias descobrem que seu verdadeiro pai mora na ilha Ork e decidem ir até o local, onde conhecem sua verdadeira família. O encontro repleto de pessoas anormais os deixa em choque, mas também os liberta;

– Minissérie documental “O Enigma da Energia Escura” (2021), criada por Emicida e Evandro Fióti:

Com esse título criativo e profundo, que tem relação com o gosto muito particular do rapper por astrofísica, a atração terá cinco episódios na primeira temporada, e levanta discussão sobre o quão pouco sabemos. Cada episódio do programa trata de um tema diferente, que não se prende à música, e tem participação de especialistas, intelectuais, ativistas, artistas e pensadores, sempre com reflexões do ponto de vista da negritude. Disponível no Globoplay.

– Série documental “Guerras do Brasil.doc” (2019), de Luiz Bolognesi:

A série traz os fatos, as versões, as revelações e curiosidades sobre os principais conflitos armados da história do Brasil. Em apenas 5 episódios com 26 minutos cada, traz relatos de pesquisadores e estudiosos, além de imagens de arquivo e ilustrações sobre cada período retratado. Detalhando como nosso país foi formado por conflitos armados ao longo dos séculos, a série é dirigida por Luiz Bolognesi começa no período do descobrimento e chega até os dias atuais.

Entre os conflitos retratados estão a Guerra da Conquista e a dizimação da população indígena, a Guerra dos Palmares e o horror da escravidão contra a vida de 12 milhões de negros trazidos para o Brasil, até a Universidade do Crime e a falência do sistema prisional e do combate às drogas que toma conta das principais cidades do país. Estudar os conflitos pode olhar para um dolorido espelho contra a face do próprio Brasil, mas é um importante passo para que justamente esses conflitos não precisem voltar – ou continuar – a acontecer. Disponível na Netflix.

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Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos).

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Mídias sociais: Luísa Guimarães (@luisa.fguimaraes).

Transcrições: Soraia Azevedo (@alvesdeazevedosoraia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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