Com o cantautor e produtor musical Raul Misturada e a participação especial do cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza

O episódio #44 – Parte 1 do @almasculina com o cantautor e produtor musical, Raul Misturada (@raulmisturada), que fala sobre referências de masculinidades, machismo, espiritualidade, ambiente da música… Sempre relacionados à sua visão sobre as masculinidades.

O cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza (@altayals) é o nosso convidado no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

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– Ouça aqui o episódio na íntegra:

– Assista à gravação na íntegra no nosso canal no Youtube!

LUGARES COMUNS com Altay de Souza (@altayals) sobre “Coisas’ de Meninas e Meninos?”:

Paulo Azevedo: “Altay, por que crescemos sob o mito de que existem “coisas” de meninos e “coisas” de meninas? E que homens são razão e as mulheres emoção, que os homens são de exatas e as mulheres de humanas?”

Altay de Souza: “Porque sobre o mito de que existem coisas de meninos e coisas de meninas, que os homens são razão e as mulheres são emoção que os homens são de exatas e mulheres de humanas, uma parte dessas afirmações são mito e outras a gente têm alguma evidência e suporte científico. Então, por exemplo, desde de 2008, até um pouquinho antes já temos alguns artigos, que mostram, por exemplo, que em macacos, na verdade o macaco rhesus, quando você pega macacos pequenininhos e apresenta diferentes tipos de brinquedos ou de objetos para que eles interajam, a gente vê, percebe, em dois artigos, inclusive, um é reprodução do outro. A gente repara que existe uma certa preferência, um diferencial onde os macaquinhos machos preferem brinquedos que apresentam rodas ou coisas girando. Não necessariamente é o carrinho. Qualquer tipo de instrumento que apareça um movimento. Já as fêmeas acabam preferindo um pouco mais, com uma frequência maior do que o acaso, bonequinhos ou coisas de apertar, coisas mais fofinhas, assim. Uma coisa bem básica de busca dos machos por coisas que se movimentam e das fêmeas por coisa que sejam mais similares com o corpo, coisas de apertar, bonequinhos, coisas do tipo, é uma coisa que a gente encontra em outros organismos, sobretudo em símios, né, macacos. Temos alguma evidência na preferência de brinquedos, uma preferência dimórfica entre sexo masculino e feminino de criancinhas com relação a brinquedos. No entanto, isso não configura dizer que, necessariamente, existe coisas de meninos e coisas de meninas. Então, nesse experimento com os macaquinhos, o grau de preferência, por exemplo, dos macaquinhos machos, por coisas que giram, era em torno de 40 a 60%. Existe uma pequena diferença, mas ela não é muito grande. Tem muitas exceções, isso não é nenhum problema, nenhuma diferença, nem nada disso, no entanto, existe também no caso dos humanos, uma série de camadas coletivas e culturais pra isso. Por exemplo, quando você pega crianças, existem certos tipos de bonequinhos, bonecos que meninos têm preferência, então, diz respeito, por exemplo, bonequinhos mais articulados ou bonequinhos que carregam objetos que se movimentam as crianças do sexo masculino preferem mais. As meninas no caso também se interessam por esse tipo de coisa, mas têm interesse maior, por proporção por bonequinhos mais fixos, que só o fato de parecer um corpo humano, já atrai um pouco mais atenção. Isso tem a ver, uma hipótese, durante a gestação, com diferentes hormônios que agem durante a gestação. No caso a testosterona, numa proporção maior para os meninos e o estrógeno numa proporção maior para meninas. Claro que quando o sexo biológico vai se tornar gênero, que isso depende da interação com o meio, pode acontecer com uma série de alterações, por isso não dá para bater o martelo, nesse grau de evidência e de causa material, que existem coisas de menino e de menina, necessariamente. No caso de humanos, principalmente, grande interação cultural a ser considerado. O fato de homem ser razão e mulher ser emoção, é completamente mito. Não faz nenhum sentido, a própria dicotomia entre razão e emoção não existe. É uma coisa só, pela perspectiva psicológica e científica. Temos uma perspectiva muito mais monista, temos nosso contato com a realidade mediado pela emoção, e o que a gente chama de racionalidade, na verdade é uma forma de justificar o comportamento já feito, já acabado. E, por fim, essa coisa de que homens são de exatas e mulheres de humanas, vendo os dados, mesmo, a gente tem uma maior proporção de homens em cursos de graduação, por exemplo, ligados às exatas e uma maior quantidade de mulheres, sobretudo na área de biológicas. Humanas é meio empatado, assim, mas o fato de termos essa proporção não justifica dizer que existe uma predileção. Temos diferenças que, inclusive já comentamos em episódios aqui. Em que temos diferenças anatômicas de funcionalidade do cérebro entre homens e mulheres, mas diferenças não pressupõe vantagens. Um exemplo que é bem interessante são os cursos de ciência da computação, um exemplo de universidade é a USP.  O curso de Ciência da computação na USP, ele começou, no final dos anos 60. E no final dos anos 60, a turma tinha cerca de trinta alunos 27 ou 28 desses alunos eram mulheres, eram do sexo feminino e tinha 2 ou 3 homens. Então, as primeiras cinco ou seis turmas eram majoritariamente de mulheres, o que parece esquisito hoje em dia. E as associações que as pessoas faziam, as representações sociais que as pessoas faziam, era muito associado nos anos 60 e 70 com a telefonista. Era esperado que uma mulher fosse telefonista, logo no que diz respeito a Ciência da Computação, que é algo que as pessoas acham na época que era similar, as mulheres eram estimuladas a participar. Conforme o curso foi se decolando disso, e se tornou aquilo que é ganhou uma representatividade, os homens começaram a fazer mais parte, a procurar o curso. E isso acabou mudando a maneira como a profissão é vista socialmente. Então, essa coisa de homem ser de exatas e mulher de humanas, também é uma construção, não faz nenhum sentido. Na verdade, depende de como nossa educação hoje, molda as pessoas para o trabalho, da forma como o trabalho é visto diz respeito as representações sociais que as pessoas constroem em função das profissões, acaba gerando uma pressão nos cursos de graduação por um certo estereótipo mais ligado a algo masculino ou feminino, mas que do ponto de vista formal, prático, não faz nenhum sentido. Temos que lutar é para desconstruir mesmo, mostrar que mulheres podem ser de exatas e homens podem ser de humanas e biológicas, do que quer que seja. Gênero não tem nenhum impacto no tipo de curso de graduação que você escolhe.”

ESCUTA AQUI

Raul Misturada indicou 3 artistas da música:

– Cantora e performer Dandara Modesto (@dandaramodesto);

– Cantor e compositor Jr Black (@vendese_jrblack);

– Cantor e compositor Paulo Monarco (@paulomonarco);

– Novo vídeo-álbum de Raul Misturada, “Tudo Começa Quando Explode”.

Paulo Azevedo indicou:

– Série “DOM” (2021), de Breno Silveira:

Primeira série brasileira produzida pela Originals Amazon, “DOM” conta a história real de Pedro Dom (Gabriel Leone), um atraente rapaz da classe média carioca que é apresentado à cocaína muito cedo, evoluindo para se tornar o líder de uma gangue criminosa que estampa os tablóides no início dos anos 2000. Do outro lado está o pai de Pedro, Victor Dantas (Flavio Tolezani), que acabou entrando no serviço de inteligência policial por ter feito, ainda na adolescência, uma importante descoberta no fundo do mar e tê-la denunciado às autoridades. Ao longo da década de 70, Victor se engaja no combate às drogas, sem imaginar que, anos depois, precisaria lutar para retirar o próprio filho do mundo criminoso. São jornadas opostas que, por vezes, se espelham e se complementam, enquanto ambos enfrentam situações que confundem os limites entre o certo e o errado. A série tem ação, mas vai além ao enfocar na relação de pai e filho, e a desestruturação que acontece por conta disso tudo. Disponível no Amazon Prime Video;

– Série “Sessão de Terapia” (2021), dirigida por Selton Melo:

A 5ª temporada da versão brasileira da série de sucesso israelense, dirigida e protagonizada por Selton Melo traz 35 capítulos que permeiam a pandemia, além de outras questões de identificação imediata com o público, como o racismo, gordofobia, maternidade, sempre mostrando que falar de saúde mental nesse momento é de uma relevância absoluta. Uma enfermeira da linha de frente que deixa a família para se dedicar ao hospital, um motoboy que tem acesso à terapia por meio de uma ONG, uma vendedora que tem compulsão alimentar, entre outros contextos e situações, que apontam para o mesmo caminho: falar sobre o problema pode ajudar, desmitificando o trabalho terapêutico. Disponível no GloboPLay;

– Filme “Los Fuertes” (Os Fortes – 2019), de Omar Zuñiga:

O premiado longa chileno traz a história de Lucas, que vai visitar a sua irmã no sul do Chile, em Niebla. Por lá, ele conhece a Antônio, dono de uma embarcação de pesca local e uma grande paixão surge. Los Fuertes sabe que o primeiro a ser superado é o que se passa dentro de cada um. Muita coisa pode dar errada numa situação dessas. Pra começar, estão no interior, num vilarejo de poucos moradores, que se conhecem e sabem tudo sobre todos. Serão vítimas de preconceito, homofobia e ataques pessoais? E muitas outras reflexões são trazidas ao longo dessa história. Disponível no Vimeo On Demand.

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos).

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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