Com o psicólogo e educador popular Pedro Pires e a participação especial do cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza

O episódio #45 – Parte 1 do @almasculina com o psicólogo e educador popular, Pedro Pires (@pedrocopires), que fala sobre referências de masculinidades, transexualidade, preconceito, cuidado e saúde integral… Sempre relacionados à sua visão sobre as masculinidades.

O cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza (@altayals) é o nosso convidado no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

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– Ouça aqui o episódio na íntegra:

– Assista à gravação na íntegra no nosso canal no Youtube!

LUGARES COMUNS com Altay de Souza (@altayals) sobre “Masculinidades e aparências”:

Paulo Azevedo: Altay, chegamos a sua 7ª participação aqui no Lugares Comuns e já passamos por temas relevantes, como Masculinidades e gestação, depressão e ansiedade, agressividade, autorreflexão, a diferenças e semelhanças entre os cérebros masculinos e femininos; e, no último episódio, desmitificamos “coisas de meninos e meninas”. E agora queremos saber se existe um padrão externo que define o grau de masculinidade de um homem? O quanto a aparência influencia nisso e por que?

Altay de Souza: “Pensando em masculinidades, sim, quando você pensa pela causa material, biológica das masculinidades a gente sempre entra em características físicas ligadas aos hormônios. Estou falando no primeiro nível, mais biológico, características sexuais secundárias que são relacionadas com o desenvolvimento da maturidade biológica reprodutiva, acontece no período da puberdade que aí a agente chama de masculinização, muito pelo efeito da testosterona, daí você tem crescimento do pelo, aumento d amassa muscular, crescimento doe pelos no rosto, inclusive e por aí vai entre outras características. Essas são causa materiais da masculinidade, mas a masculinidade não se resume a isso. Por exemplo, quando você pensa em barba. A barba não é um atributo cultural, é um atributo biológico que foi cooptado pela cultura por conta da sua associação com o masculino, então, a gente vê a existência de barba em outras espécies, por exemplo: chipanzé tem, orangotango, por aí vai e tem um papel ligado a masculinidade pela dominância, aquela característica da dominância, então quando eu tenho muita barba , eu comunico, pensando em chipanzés, por exemplo, que eu tenho muita testosterona, então, uma curiosidade, que esse é um comportamento que acontece com elefantes. Elefante não tem barba, obviamente, mas quando ele está com o nível de testosterona muito alto, a orelha dele que é muito grande, ela fica úmida, tem um certo tipo de líquido que sai pela orelha, e parece que a orelha está suada. Isso pé um a forma de mostrar para o grupo que aquele macho está agressivo, está numa postura mais dominante. A barba tem um efeito parecido na gente, pelo menos nas comunidades interiores mais antigas, para além dessas características biológicas, assim, que são só biológicas, a cultua consegue modular muito bem isso. Então é muito diferente você ver aquela barba enorme, na figura de uma pessoa bem velha, barba bem grande, de alguém que tem a barba arrumada, bem aparada. Não é a presença de barba que é ligada necessariamente à masculinidade, não tem graus disso. Pega, por exemplo, a figura do lenhador, depois pega, sei lá, a figura de um homem charmoso, uma coisa assim, ligada a moda. São maneiras diferentes de expressar a masculinidade, a ideia aqui é você pensar a masculinidade como uma gradação. A aparência que a pessoa mostra, mostra antes de tudo o cuidado que a pessoa teve na manutenção da sua aparência. Quando você observa sua própria aparência, mais perto da causa material biológica você está. Quanto mais tempo você investe na sua aparência maior é o peso cultural que você está imprimindo na utilização dos traços de masculinidade, para algum uso social. Não acredito que masculinidade é algo que deva sumir, muito pelo contrário, algo que tem que ser valorizada. Mas como um espectro, com diferentes modelos de masculinidade, a partir dos traços básicos, podem ser utilizados gerando resultados diferentes. Isso depende muito da auto-observação da pessoa que tem esses traços. Então, por exemplo, se você tem barba, como você trabalha com isso, como você utiliza, que comportamento você quer mostrar com a presença desse símbolo, com o exemplo do rosto ou compleição física, ou cabelo ou o que quer que seja, a masculinidade tem uma característica biológica ligada aos traços físicos, mas ela tem uma característica comportamental ligada a quanto você investe nesses traços físicos para mostrar para um outro. A aparência influencia a masculinidade, mas lembre-se que é sempre uma gradação. Você pode ter uma aparência totalmente masculina, com todos os estereótipos, mas transmitir uma mensagem de muito carinho, de muito cuidado e tal, pela maneira como você cuida de si mesmo, quanto mais carinho você tem com os displays de masculinidade, maior carinho você apresenta ou pelo menos faz os outros pensarem que você tem com os outros, com as outras pessoas. Creio que é isso, muito obrigado! ”

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Pedro Pires indicou:

– Filme “Tomboy” (2012), de Céline Sciamma:

Na França, a pequena Laure (Zoé Héran) se muda com os pais (Sophie Cattani e Mathieu Demy) e a irmã para outro bairro. Buscando fazer amigos, ela sai para brincar e conhece Lisa, que a confunde com um garoto. Laure então decide assumir a identidade de Mickaël em segredo, o que, somado à nova amizade, acaba despertando certos questionamentos. Disponível no Telecine;

– Filme “XXY” (2007), de Lucía Puenzo:

Alex nasceu com ambas as características sexuais. Tentando fugir dos médicos que desejam corrigir a ambigüidade genital da criança, seus pais a levam para um vilarejo no Uruguai. Eles estão convencidos de que uma cirurgia deste tipo seria uma violência ao corpo de Alex e, com isso, vivem isolados numa casa nas dunas. Até que, um dia, a família recebe a visita de um casal de amigos, que leva consigo o filho adolescente. É quando Alex, que está com 15 anos, e o jovem, de 16, sentem-se atraídos um pelo outro. Disponível na Netflix;

– Série “Manhãs de Setembro” (2021), de Josefina Trota, Alice Marcone e Marcelo Montenegro:

Série brasileira com 5 episódios, produzida pela Amazon, “Manhãs de Setembro” conta a história de Cassandra (Liniker), uma mulher trans que trabalha como motogirl em São Paulo e que tem na música sua maior força. Ela precisou abandonar sua cidade para realizar seu sonho de se tornar cover de Vanusa, cantora brasileira que fez sucesso na década de 70. Após anos de muito sofrimento, Cassandra vive agora um momento de estabilidade: ela consegue alugar um apartamento só seu e descobre o amor na figura de Ivaldo (Thomas Aquino). Contudo, tudo se complica quando sua ex-namorada, Leide (Karine Telles), reaparece com um menino que diz ser seu filho. Disponível no Amazon Prime Video;

– Livro “Crianças Trans”, de Sofia Favero – Coleção Saberes Trans (Editora Devires):

Crianças trans, vocês existem? A pergunta é, a meu ver, retórica. Sofia persegue a infância com um refinamento e uma sagacidade ímpares nesta publicação. A linguagem, como sempre, coloca-se de maneira capciosa quando nos referimos ao que não foi posto, a princípio, como “natural” a partir do olhar cisgênero. A autora empreende um trabalho fantástico, utilizando-se de uma auto-história que se entremeia com a cultura virtual contemporânea e a literatura científica, para nos falar de algo fulcral aos estudos sobre infância, ou sendo mais direta, sobre como funcionam os dispositivos sociais de afirmação de determinadas identidades, em detrimento de outras, hierarquizadas como “normais”, “boas”, “bonitas”.

– Livro “Testo Junkie: Sexo, Drogas e Biopolítica na Era Farmacopornográfica”, de Paul B. Preciado (N-1 Edições):

– Além das obras da filósofa e uma das principais teóricas contemporâneas do feminismo e teoria queer Judith Butler, da psicóloga, escritora e ativista brasileira Jaqueline Gomes de Jesus e repórter e homem trans Caê Vasconcelos.

Paulo Azevedo indicou:

– Documentário “Transhood: Crescer Transgênero” (2020), de Sharon LIese:

Neste documentário original HBO, a diretora Sharon Liese acompanha, ao longo de cinco anos, a vida de quatro crianças transgênero, construindo um retrato tocante e cheio de humanidade sobre a diferença. O documentário oferece uma visão de longo prazo da jornada única de quatro jovens transgéneros (com 4, 7, 12 e 15 anos no início das filmagens) enquanto redefinem o conceito de “crescer” e partilham realidades pessoais sobre como a expressão de género está a transformar as suas famílias americanas. Comovente e instigante, o filme explora a forma como essas famílias lutam e ultrapassam dificuldades durante o crescimento dos filhos e como as crianças são desafiadas e se transformam à medida que vivenciam a complexidade das suas identidades. Contra a comunidade política e religiosamente conservadora da cidade do Kansas entre 2014 e 2019, os pais lutam com os seus próprios problemas decorrentes da criação dos filhos, enquanto enfrentam, muitas vezes, a resistência de membros da família. Disponível no HBO MAX;

– Documentário “Três Estranhos Idênticos” (2018), dirigida por Tim Wardie:

Nova York, 1980: num golpe do destino, três estranhos descobrem que são trigêmeos idênticos, separados ao nascer. A reunião incrível dos jovens de 19 anos os lança para a fama internacional, mas também revela um segredo extraordinário e perturbador que vai além de suas próprias vidas – e pode transformar nossa percepção da natureza humana para sempre. O documentário britânico sobre os irmãos americanos venceu o prêmio especial do júri de melhor roteiro de documentário no Sundance FIlm Festival, em um enredo que consegue ser, ao mesmo tempo, emotivo, sombrio e cheio de suspense. Disponível na Netflix;

– Show “Emicida – AmarElo ao vivo” (2021), de Fred Ouro Preto:

Depois de lançar na Netflix o documentário “AmarElo – É Tudo Pra Ontem”, em dezembro do ano passado, Emicida anunciou mais uma novidade no streaming. O show completo realizado no Theatro Municipal de São Paulo, em 2019. A apresentação do álbum AmarElo contou com participações de Pabllo Vittar, Majur, MC Tha, Drik Barbosa e Jé Santiago. Disponível na Netflix e também no Spotify.

– Dois episódios do podcast Naruhodo: o #84: “O que leva uma pessoa a ser transgênero?”, que traz em meio a tanto ruído, a ignorância acaba gerando tanto preconceito. Mas a ciência tem algumas respostas para tentarmos uma conversa mais produtiva; e o #178: “O que é ser normal?”, que traz a pesquisa sobre o assunto, desmitificando a tal normalidade como algo “comum” ou “não são”.

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos).

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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