Com o músico e escritor Tony Bellotto e a participação especial do cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza

O episódio #46 – Parte 1 do @almasculina com o músico e escritor Tony Bellotto (@tonybellottooficial), que fala sobre referências de masculinidades, música e relacionamentos, literatura, cuidado e saúde integral… Sempre relacionados à sua visão sobre as masculinidades.

O cientista PhD e Co-host Podcast Naruhodo Altay de Souza (@altayals) é o nosso convidado no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

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– Ouça aqui o episódio na íntegra:

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LUGARES COMUNS com Altay de Souza (@altayals) sobre “Masculinidades, libido e sexo”:

Paulo Azevedo: “Homens têm mais libido que as mulheres? E por que muitos ainda entendem que o sexo só acontece quando há a penetração? Esse excesso de cobrança por performance influencia no prazer e na ejaculação? ”

Altay de Souza: “Vendo essa pergunta me lembrei de um artigo de 2012, que verifica a associação da presença de testosterona e o desejo sexual em homens e mulheres. Esse artigo gera um resultado superinteressante. Veja bem, pelo senso comum, o hormônio mais ligado a libido e ao desejo sexual era a testosterona, isso já é bem descrito, mas o interessante é que assim, desejo sexual é um comportamento que usa o sujeito como um todo, usa a pessoa como um todo, não é tão automático como quando você coloca a mão numa chapa quente e ela está quente e você tira a mão. Não é um reflexo, o comportamento sexual não é um reflexo. Ele usa o comportamento do sujeito como um todo. E aí, tem resultados bem interessantes nesse artigo que mostra assim, do homem, por exemplo, o homem que mais testosterona, não tem mais desejo sexual, isso é regulado, por exemplo, por outros atributos. A presença de um parceiro, o desejo por um parceiro. E nas mulheres, como a testosterona ela já tem uma quantidade menor, ela é regulada, sim, ela é associada com o desejo sexual, mas muito mais voltada à masturbação do que, necessariamente, o desejo por outra pessoa. É bem interessante, assim, no caso da mulher, dentro da testosterona, gera um display sexual especialmente voltado para ela mesma. Se ela está num ambiente adequado com um parceiro, isso pode ser projetado para o parceiro, caso ele dê o start. No caso do homem não tem necessariamente essa associação. Tem homem com alto nível de testosterona e pouco desejo sexual, tem homens com nível mais baixo e muito desejo sexual. Essa relação não é tão direta assim, é um dado bem interessante. Quando você pensa no sexo em si, na atividade sexual, ela tem uma grande variabilidade cultural, então, você pensa assim, tem a atividade reprodutiva que o objetivo final é a fecundação e reprodução, no sentido biológico, não necessariamente depende da penetração e tal. E tem o comportamento sexual que é um pouquinho diferente do reprodutivo e que um está dentro do outro. O comportamento sexual é muito mais amplo, ele leva em conta aspectos culturais super importantes, ele tem uma diversidade maior, um espectro de uso não só de curto prazo, como o comportamento reprodutivo tem, o comportamento reprodutivo sempre é de curto prazo, termina na ejaculação. O comportamento sexual tem um componente de curto prazo, mas ele tem algo de longo prazo, que é a preparação, o vínculo e não são coisas separadas, elas acontecem juntas. E aí como homens e mulheres têm papel reprodutivo diferente, eles usam esses dois elementos de formas, o comportamento reprodutivo e o comportamento sexual diferente, o hormônio tem um papel nisso, a questão do excesso de cobrança tem mais a ver com a visão do homem do que da mulher, em geral. Claro que tem exceções, quando você sai do caso geral para o particular, você sempre vai encontrar alguma exceção. Mas pensando nos artigos populacionais, com dados com muitas pessoas que refletem a média das pessoas e não necessariamente exceções, o que a gente tem em média, a questão da performance no caso do homem diz respeito à ejaculação, está ligado a isso ao desempenho, a ereção. Mulher é muito mais ligado ao sentido que aquele ato tem para ela. Está ligado à performance, mas de forma difusa do que do homem, do homem é muito mais estereotipado, né? Ligado ao que se espera que ele faça. No caso da mulher é algo mais dissociado, mais difuso, ligado a relação que está sendo construída ali. O grande problema é a falta de diálogo, antes disso. E o que você define, por exemplo, como performance, essa é uma pergunta que a gente devia se fazer, mas a gente se faz pouco. Precisa conversar com o parceiro, para você o que é um sexo bom? O que define isso? Quando você tem um parceiro a longo prazo, que você decide namorar, ficar, enfim, o que é uma boa transa para você, o que você valoriza? Descobrir isso é algo muito bom, porque aí você valoriza adequa a sua performance à expectativa do outro. O que acontece muitas vezes, que a gente vê nos artigos, a noção de performance para o homem é uma coisa e para a mulher é outra, no caso eles usam a mesma palavra pra coisas diferentes. Para encurtar um pouco essa conversa, eu até fecho essa resposta com uma frase Wilhelm Reich, a primeira fase da teoria dele, eu acho muito interessante, eu o sigo, ele tem um livrinho que chama “Casamento indissolúvel ou Relação Sexual Duradoura”, um livro bem interessante da primeira fase dele. Ele comenta uma coisa que eu vou resumir aqui, que é bem legal assim…dentro de você tem três pessoas. Tem a pessoas da rua, você é uma pessoa na rua, quando você fecha a porta da casa para o lado de dentro você é outra, e quando você fecha a porta do quarto, dentro do quarto você é outra. E, proporcionalmente, c=tem cada vez menos pessoas que conhecem esses níveis, então quando você está na rua muita gente te conhece, quando você fecha aporta da casa, poucas pessoas, quando você fecha a porta do quarto, em geral, é uma ou duas, muito pouca gente que já te conheceu, pensando na sua história de vida, cada um desses níveis, tem um nível de diálogo diferente também, e tem um nível de compromisso com a relação diferente também. O que acontece é que quanto mais para dentro a gente fica, menos a gente fala com o outro. E esse outro é a pessoa mais importante, com quem a gente passa mais tempo, divide coisas com a gente que a gente não mostra. É uma informação muito útil de ser compartilhada, não é? Então, na verdade deveria ser o contrário, a gente fala muito com as pessoas na rua, médio com as pessoas dentro de casa e muito pouco com as pessoas no quarto. Pensando nesses níveis, quando na verdade, um relacionamento saudável deveria ser um pouco mais perto do contrário, quando você devia tem uma pessoa que dentro do quarto você consegue conversar de forma franca, de todos os níveis, e o grau de interação tende a diminuir um pouco e se tornar um pouco mais diversificado. Hoje na verdade a gente nunca viveu numa sociedade tão conectada e tão solitária. Solitária porque você tem milhares de amigos no Instagram, no Facebook, no Linkedin, no que quer que seja, Twitter. Mas você não tem ninguém, nenhuma pessoa com quem você consegue trocar uma ideia de boa, de verdade, acho que essa devia ser a busca que todo mundo deveria ter. Eu digo isso com algum pesar, né, mas também com alguma sorte, eu pelo menos, encontrei uma pessoa, que é minha esposa, com quem me sinto muito à vontade e ter minha esposa me sinto muito honrado com isso. Ao mesmo tempo eu percebo que isso é muito raro, deveria ser a busca das pessoas. Quando a gente pensa em excesso de cobrança, é uma cobrança frente a um ente virtual que a gente nem conhece, porque a gente nem sabe perguntar o que o outro espera, a minha consideração sobre isso, é tipo assim, procure definir bem os conceitos das coisas, definir quando você está com uma pessoa. O que é sexo para você? O que é performance? Quando começa e quando termina? Só essas respostas, só ter esse pareamento, já ajuda muito a resolução de conflitos e a redução da angústia. É isso que eu desejo para vocês. Obrigado!”.

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos).

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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