Com o médico gerontólogo Alexandre Kalache

O episódio #47 – Parte do @almasculina traz o médico gerontólogo Alexandre Kalache (@ale.kalache), que fala sobre referências de masculinidades, envelhecimento, autocuidado e saúde integral… Sempre relacionados à sua visão sobre as masculinidades.

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E desde já agradecemos a todos os nossos apoiadores, em especial: Alexandre Valverde, Ana Maria de Lima Rodrigues, Ângela Mucida, Carla Crespo, Danilo Azevedo, Juliana Dias, Patrícia Mourão e Tânia Simão Bacha Silva.

– Ouça aqui o episódio na íntegra:

– Assista à gravação na íntegra no nosso canal no Youtube!

ASPAS

– Artigo “Homens: reconheçam a necessidade de cuidar de si”, de Alexandre Calache, publicado no site Viva a LongeVIDAde:

Desde a infância, os homens morrem mais prematuramente — de infecções a doenças cardiovasculares, outros tipos de câncer, diabetes, alcoolismo, acidentes e violência. E as diferenças são pouco explicáveis por fatores biológicos. É muito mais devido ao comportamento, ao estilo de vida e à cultura machista.É comum ouvir de um homem frases como: “falar de doenças, de dores, de cuidado, nem pensar, eu sou homem, com h maiúsculo, uma máquina indestrutível”. E também se explica pela desatenção dos serviços de saúde.

Globalmente, as mulheres têm uma esperança de vida ao nascer (e ao longo da vida em todos grupos etários) maior do que dos homens. Na maioria dos países esta diferença é de 3 a 6 anos. No Brasil a diferença é bem maior – de 7,5 anos. Em 2017, de acordo com dados da United Nations Population Division, as mulheres viviam em média 78,7 anos, enquanto os homens, 71,3. Em grande parte, a violência explica. Aqui no Brasil, temos mais de 60 mil homicídios (fora as 70 mil pessoas que desaparecem), 90% deles do sexo masculino, a maioria entre 15 e 34 anos. Mortes de jovens – e, diga-se, a maioria negros e pardos – puxando para baixo a esperança de vida.

Em artigo que publiquei em 1999, no International Journal of Men’s Health, eu escrevi dois parágrafos que são tão atuais hoje como eram há 20 anos:

A rapidez com que a população mundial envelhece exige um enfoque rigoroso sobre questões de gênero, para o maior sucesso das políticas desenvolvidas. Contudo, com frequência, a questão de gênero no contexto da saúde está erroneamente apenas relacionada a problemas femininos. Enquanto as mulheres sofrem uma carga maior de morbidade e incapacidade, os homens morrem mais cedo — e é preciso esclarecer melhor as razões.

A batalha deve ser contra a complacência, contra comportamentos arraigados, na busca de uma cultura em que os homens reconheçam a importância de cuidar de si, uma cultura de autocuidado que substitua a crença hoje vigente de os homens se verem como ‘máquinas indestrutíveis’. Essa batalha pode, eventualmente, levar o setor de saúde a reconhecer que também deve atender às questões próprias da saúde do homem. Com frequência, em todo o mundo, a mensagem que o setor de saúde passa é ‘Nós não temos interesse na sua saúde’; muitos homens só têm contato com o setor de saúde na infância e/ou ao fim da vida. Muito pouco, muito tarde.

Então, seja homem – cuide mais de si próprio”.

ESCUTA AQUI:

Alexandre Kalache indicou:

– Livro “Velhice No De Senectute”, de Marco Túlio Cícero:

A possibilidade de uma vida longa, para um grande número de pessoas, é uma conquista recente da humanidade. Tal êxito ocorreu mediante um gradual e constante avanço da tecnologia, principalmente, médico-sanitária. No âmbito filosófico, é preciso ressaltar que, já na Antiguidade, a reflexão sobre o envelhecimento se fez presente. Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.) escreveuDe SenectuteouCatão, o Velho.Velhice noDe Senectutede Marco Túlio Cíceroé um exercício de re­flexão sobre os conceitos de velhice conveniente e inconveniente, ex­postos no discurso de defesa dessa fase da vida contra as acusações que lhe são dirigidas.De Senectuteé dedicada, por Cícero, ao seu amigo Tito Pompônio Ático, recém-chegado de Atenas. Cícero sugere o tema da velhice, pois ambos estão vivenciando essa fase da vida. A estrutura da obra é em forma de um diálogo entre o idoso Marco Catão (considerado modelo máximo da cultura romana) e os jovens homens públicos Lélio e Cipião. São discutidos os conceitos de velhice e juventude convenientes ou con­forme à natureza e o seu oposto, a velhice e juventude inconvenientes. O De Senectute é uma bússola a guiar jovens e velhos no exercício de uma vida feliz e em harmonia com a natureza, afastando-os do conflito de gerações. O discurso de Catão revela que não viver de acordo com a natureza, respeitando o conveniente de cada uma das etapas da vida gera o conflito de gerações, e o consequente medo da marginalização social e política dos velhos. Na concepção estoica de Cícero, a velhice deve ser aceita por todos, pois é uma determinação da natureza.De Senectutepermanece como obra funda­mental para se pensar as condições da velhice no mundo contemporâneo.

– Livro “A Velhice”, de Simone de Beauvoir (Editora Nova Fronteira):

Esta obra profunda e corajosa, alcançou grande repercussão em todo mundo, levantando questões e soluções para os problemas dos idosos. A Velhice é uma obra intensa, aparentemente cruel porque retrata muitas vezes uma realidade cruel, mas carregada de sensibilidade.

– Filme “Zorba, o Grego (1964), de Michael Cacoyannis:

Um escritor inglês chega a Grécia e pega um navio, pois vai até Creta para trabalhar em uma mina que herdou do pai, um grego de nascença. Logo ele conhece Alexis Zorba (Anthony Quinn), um determinado camponês grego que também quer trabalhar na mina. Os dois acabam indo se hospedar em um pequeno hotel administrado por uma velha prostituta francesa que é cortejada por Zorba, que encoraja seu amigo escritor para dar atenção a uma bela viúva, que é muito desejada pelos homens do local. A mina necessita de alguns reparos, mas Zorba convence um grupo de monges que permita remover um pouco da madeira de uma floresta deles, que fica em uma montanha próxima e inventa um meio de transportá-la para a mina. Quando Zorba e seu patrão retornam à cidade, a velha prostituta ajuda o inglês a superar sua timidez. Assim, ele toma coragem e vai visitar a viúva e os dois acabam fazendo amor. Mas rumores começam a percorrer a ilha após o escritor ter sido visto entrando na casa dela e um dos muitos admiradores da viúva é tomado pelo desespero e se suicida. Em virtude deste acontecimento, os aldeões começam a apedrejá-la e o escritor, testemunhando tudo aquilo, manda chamar Zorba. Quando ela está prestes para ser esfaqueada, Zorba chega e interfere, fazendo o agressor soltar a arma, mas quando tudo parecia contornado ela, em um momento de descuido, é apunhalada pelo pai do jovem que se matara. Sentindo que a prostituta estava prestes a morrer, Zorba bondosamente concorda em se casar com ela e enquanto trabalha na mina fica sabendo que a saúde dela piorou. Ele volta rápido e ela morre em seus braços mas, apesar das mortes, o trabalho não pode parar e a vida continua com todo seu esplendor, não importando o que aconteça. Disponível no Star+.

Paulo Azevedo indica:

– Programa Roda Viva, da TV Cultura, com Alexandre Kalache:

Em janeiro de 2019, um dos programas mais relevantes e respeitados da TV aberta brasileira, recebeu o nosso convidado: o médico Alexandre Kalache, que se formou em medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez mestrado na London School of Tropical Medicine e conquistou o título de PHD pela Universidade de Londres. Além disso, ele leciona na Universidade de Oxford e dá palestras no país e no exterior. Decorrente do sucesso de sua carreira, se tornou um dos maiores especialistas, no Brasil e no mundo, em longevidade; assumiu a direção do programa de envelhecimento saudável da OMS, em Genebra; e é também codiretor do Centro Internacional de Longevidade para o Brasil. Disponível no YouTube;

– Filme “Ella & John” (2017), de Paolo Virzí:

Septuagenários, o casal de aposentados Ella (Helen Mirren) e John (Donald Sutherland) decide fazer uma última viagem pelo país, de carro. Desafiando limites e receios os dois embarcam numa aventura transformadora que sai de Boston e tem como destino a antiga casa de Ernest Hemingway, na Flórida. Disponível na Netflix e Looke;

– Filme “Nebraska” (2013), de Alexander Payne:

Nebraska chama a atenção mais pelo tipo de sensibilidade que desperta do que pela inventividade comumente associada ao termo. Trata-se de uma história de redescoberta do afeto entre um pai e seu filho, muito bonita, porém, pontuada por alguns diálogos esquemáticos e uma comicidade às vezes muito interessante, noutras um tanto forçada. Um dos aspectos mais interessantes do filme é a maneira generosa com que o director Alexander Payne recria o ambiente interiorano desbravado pelos personagens. Um traça o retrato de uma cultura localizada e, ao mesmo tempo, absolutamente universal. As conversas, os pequenos conflitos, o estado de letargia, com uma comicidade, elevam a inocência e vê dignidade na pureza. O filme foi indicado a seis indicações ao Oscar 2014 e deu a Bruce Dern a Palma de Ouro em Cannes, entre outros prémios e indicações. Disponível no Now, Looke, YouTube e GooglePLay;

– Documentário “Quanto Tempo o Tempo Tem” (2015), de Adriana Dutra:

O filme debate, principalmente, como (hoje) sempre corremos sem motivos e de qual forma a questão do tempo varia de acordo com as sociedades e com a subjetividade de cada um. A produção nacional tem chamado a atenção ao lançar uma reflexão sobre o tempo, a civilização e o futuro, principalmente ao analisar como todos vivemos em momentos diferentes, mesmo que todos eles aconteçam no presente. Traz depoimentos da Monja Coen, Domenico De Mais, Marcelo Gleiser, Nilton Bonder, além do nosso convidado de hoje, entre outros nomes de diversas áreas sobre a relação com o tempo. Disponível na Netflix;

– Podcast Finitude, da Rádio Guarda Chuva, dos jornalistas Renan Sukevicius e Juliana Dantas:

Envelhecimento, cuidados paliativos, morte, luto. A gente sabe que falar sobre alguns desses temas dói, mas pode machucar ainda mais se a gente não estiver preparado pra lidar. Em especial, o episódio “Uma Conversa Sobre Gerações”, com Alexandre Calache. Disponível em diversos agregadores de podcast.

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos).

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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