Com o escritor Daniel Munduruku e a participação especial da antropóloga, professora e escritora Mirian Goldenberg

O episódio #50 – Parte 2 do @almasculina traz o escritor, professor e doutor em educação Daniel Munduruku (@danielmundurukuoficial), que fala sobre relação com o tempo, o presente na pandemia, relação com as mulheres e homoafetividade, espiritualidade, marco temporal… Sempre relacionados à sua visão sobre as masculinidades.

A antropóloga, professora e escritora Mirian Goldenberg (@miriangoldenberg) é a nossa convidada no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

E para que o almasculina continue no ar, precisamos da sua colaboração! Iniciamos uma campanha de financiamento coletivo que traz benefícios exclusivos para nossos apoiadores! Acesse orelo.cc/almasculina  e saiba mais! Participe!

E desde já agradecemos a todos os nossos apoiadores, em especial: Alexandre Valverde, Ana Maria de Lima Rodrigues, Ângela Mucida, Danilo Azevedo, Felipe José Nunes Rocha, Juliana Dias e Tânia Simão Bacha Silva.

– Ouça aqui o episódio na íntegra:

– Assista à gravação na íntegra no nosso canal no Youtube!

ASPAS:

– Livro “Daniel Munduruku – Coleção Tembetá (Editora Azougue – Revistas de Cultura):

“O pensamento indígena é um pensamento holístico. É um pensamento circular. E esse pensamento circular, ele nasce como uma resposta à compreensão da existência. Para um Munduruku, só existem dois tempos, que é o tempo passado e o tempo presente. Para o Munduruku não existe tempo futuro. As línguas em geral, e o Munduruku em particular, são línguas que criam as palavras de acordo com sua necessidade, com o que ele vive. E a nossa educação é uma educação para o presente. E esse presente é alimentado pela memória, que é o tempo passado. Quando a sociedade ocidental cria toda a sua cosmogonia, digamos assim, no futuro, ela rompe com o comprometimento das pessoas. Porque apenas o presente compromete as pessoas. E é isso que as pessoas não conseguem compreender da dinâmica indígena. Por que a gente é chamado de preguiçoso? Por que não produzimos para acumular. A gente produz para o dia a dia. Pensando tradicionalmente, porque hoje em dia tem coisas mudando em relação a isso. Mas a gente produz para o cotidiano. E a gente produz as coisas seguindo a um ritual. (…) E esse tipo de lógica bate frontalmente com essa visão acumuladora que o Ocidente inventou, de consumo exacerbado, que leva as pessoas ao egoísmo, e não à partilha. (…) A grande contribuição que indígena dá para o Brasil é continuar vivo. É permanecer vivo, permanecer com essa resistência. (…)

É importante sempre lembrar que as populações indígenas são nossas contemporâneas. A sociedade brasileira precisa perceber isso: nós estamos aqui, agora. Não somos povos do passado. Passado é memória. Tem que ser alimentado como memória. Isso vale para os indígenas, mas vale também para a esfera do Brasil. Essa memória é importante, não pode ser esquecida. Mas o povo brasileiro precisa entender que nós somos contemporâneos. E se somos contemporâneos e estamos num mundo globalizado, nós fazemos parte desse mundo. Então, é inadmissível que as pessoas ainda digam que não podemos fazer isso ou aquilo, que não podemos participar disso ou aquilo, que não somos competentes para isso ou aquilo. Nós somos. Somos competentes, estamos nesse mundo para ficar. Muitos de nossos antepassados se sacrificaram para que hoje nós pudéssemos usufruir desse tempo presente. Nós somos seres do presente. E se o presente nos pede atualização, nós precisamos nos atualizar para continuarmos os mesmos. Precisamos nos renovar para renovar nossa própria cultura, nosso próprio jeito. (…)E a gente pode se propor a aprender com esse mundo, com essa sociedade, e ser uma forma de contribuir com ele. (…)

O movimento indígena é o movimento social mais antigo e organizado do país. São 521 anos de resistência. É uma resistência pela vida e pela vida de todos os brasileiros porque são estas lutas que garantem a Amazônia em pé; rios menos poluídos; abundância de peixes e carnes; sobrevivência de muitas espécies de plantas. Insetos e animais ou, como se costuma dizer, sobrevivência de nossa biodiversidade. Será que isso é pouco? Será que isso não seria motivo suficiente para que o brasil se orgulhasse de seus filhos mais antigos? Tenho a impressão que sim. Lutamos para que isso ocorra”.

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Identidade visual e arte: Glaura Santos (@glaurasantos).

Fotos: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

Siga e compartilhe o almasculina” e fale conosco:

Ouça e assine o almasculina” aqui:

Anchor fm Spotify Deezer Google Podcasts Apple Podcasts You Tube
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *