Com o psicólogo e escritor Alexandre Coimbra Amaral e a participação especial do psicanalista, escritor e professor Christian Dunker

O episódio #60 – Parte 1 do @almasculina traz psicólogo e escritor Alexandre Coimbra Amaral (@alexandrecoimbramaral), numa conversa aberta e inspiradora, entre dois mineiros, abordando os paradoxos dos modelos de masculinidades que deixam marcas na infância e adolescência, os efeitos nas nossas relações provocados pela pandemia da COVID-19 – dos escapismos ao lugar de escuta; os desafios da paternidade, culpa, espiritualidade e o direito democrático ao Estado Laico; e os desafios da alma brasileira na atualidade!

O psicanalista, escritor e professor Christian Dunker (@chrisdunker) “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

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– Ouça aqui o episódio na íntegra:

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LUGARES COMUNS com o psicanalista, escritor e professor Christian Dunker (@chrisdunker) sobre “Masculinidades e o lugar de escuta”:

PAULO AZEVEDO: “Você escreveu um livro com o nosso convidado do episódio #55, Cláudio Thebas, chamado “O Palhaço e o Psicanalista”. No livro vocês trazem o conceito de “lugar de escuta”. Qual seria o caminho para os homens acessarem esse lugar em relação a outras minorias políticas, considerando que, de forma geral, os homens têm a palavra final?”

CHRISTIAN DUNKER: “O Lugar de fala é um conceito desenvolvido pelo ateliê feminista Stephan Doitschinoff ainda vivo e que ´é muito importante para a gente entender algumas vezes a gente tem voz, mas não tem a fala propriamente escutada, olhando e acompanhando essa discussão, veio para a gente, para o Thebas e para mim e isso foi sendo desenvolvido ali aos poucos, a gente podia propor um lugar de escuta. Para que inclusive o lugar de fala se potencialize e se realizasse melhor, porque a gente percebia que às vezes essa posição que não era de fato uma fala, mas uma espécie de monólogo ou o silenciamento do outro ou de denúncia no bom e no mau sentido, dão a ideia de que isso pode se tornar mais potente a partir de como a gente escuta visava assim, escutar não é ouvir. Escutar envolve uma transformação, um processo de transformação, houve uma abertura para o outro justamente porque as falas mais difíceis de acolher, as mais importantes, no fim, pudessem ser redimensionadas como é que a gente faz para acolher, para perguntar para deixar nossa intimidade participar, mas também criar uma circulação no quadro do que a gente chama, sim uma verdadeira experiência produtiva de indeterminação. Nossos diálogos no cotidiano, eles estão sujeitos a uma radioatividade determinativa. Você nem começou a falar e eu já sei onde você quer chegar, às vezes você nem começou a falar e eu já tirei o raio X, fotografei e já sei o que você vai dizer e as antecipações são muitas, né? Em parte, porque o mundo da comunicação é o mundo da aceleração da mensagem, a gente entende que certos contextos, sei lá, uma empresa, vão nos dar bem com isso. E daí a relefação de assim como a gente faz, assim despressurizar esse tempo para sair do lugar que a gente às vezes é colocado, né? Responder com acolhimento, mas também com a criação de alguma coisa assim nova para os dois. A indeterminação só é permitida se ela for interessante para manter aquele laço como parte de uma viagem final, como diriam os inimigos, assim a DR, a discussão de relacionamento. Parece que tudo que não foi dito vai ser colocado na mesa para a gente não escutar e continuar exatamente no mesmo ponto que a gente estava e pior do que antes. Então, é um lugar de escuta, que a gente tem que aprender a fazer. A escola não ensina muito, a cultura não está assim enfatizando muito isso, então, tem um palhaço nessa função corpo a corpo, principalmente, um palhaço como o Thebas que está lá no hospital, está lá na situação de vulnerabilidade. E a gente na psicanálise, é basicamente isso, como ajudar as pessoas a entrar numa viagem num lugar de escuta e aí a se escutar, também.”

PAULO AZEVEDO: “O que atrapalharia o homem nesse lugar de escuta, tem a ver com o fato de ter sido criado ou de ser criado numa cultura que tem de ter de bate e pronto a solução, esse lugar do provedor, você acha que tem a ver isso?”

CHRISTIAN DUNKER: “Eu acho que sim, para você ver, a escuta ela propõe uma relação mais horizontal, porque assim a gente vai colocar o lugar da verdade entre nós. Nem lá, nem cá ou sei lá o lugar da justiça, ou o lugar da beleza ou sei lá, a pauta que a gente tiver não troca. A masculinidade, ela foi muito associada com hierarquia, portanto, quem pode falar e quem tem que calar. E que, portanto, se você não tem a palavra, é uma figura do falo, uma figura fálica, eu tenho o microfone, eu tenho o ‘picofone’, ele é meu eu levo pra casa, na palestra sou eu que quero falar. A gente foi criado antagonistamente, a gente disputar a fala. O que que pé uma das maiores expressões dessa forma de poder: ‘Cala a boca’. ‘Não fale, fique quieto”, a gente fala: ‘Cala a boca!’  Porque ‘cala a boca’ é eu mando, no fundo eu tenho revólver no bolso, eu tenho uma coisa que você não tem e por isso, eu sou alguém que você não é. É absolutamente crucial que você faça isso girar a relação para sim, ter uma pouco mais de ‘despossessão’ em relação à palavra, um pouco mais de gosto de silêncio, um pouco mais de gosto pela pergunta e pela resposta, como a gente diz no livro: ‘Escutar é a você se despir de seus semblantes de poder e de saber”.

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Fotos e arte: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Mídias sociais: Luísa Guimarães (@luisa.fguimaraes).

Colaboração: Glaura Santos (@glaurasantos) e Soraia Azevedo (@alvesdeazevedosoraia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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