Com o empreendedor social e fundador da @4_daddy Leandro Crespo Ziotto e a participação especial do psicanalista, escritor e professor Christian Dunker

O episódio #62 – Parte 1 do @almasculina traz o empreendedor social e fundador da @4_daddy, Leandro Crespo Ziotto (@leandroziotto), numa conversa com quem encarou o vasto mundo das paternidades afetivas e seus novos referenciais, a relação com a economia do cuidado e suas 3 três etapas, a destruição de estruturas sociais opressivas (como o racismo, a homofobia e machismo!), comunicação não violenta … E muito mais!

O psicanalista, escritor e professor Christian Dunker (@chrisdunker) “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

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– Ouça aqui o episódio na íntegra:

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LUGARES COMUNS com o psicanalista, escritor e professor Christian Dunker (@chrisdunker) sobre “Articulações Sobre Masculinidades”:

PAULO AZEVEDO: “Qual seria a razão para todas essas articulações em torno das masculinidades nas últimas décadas? Qual seria a melhor abordagem para este tema? ”

CHRISTIAN DUNKER: “Uau! Ulisses, Hércules, quem mais? Vamos chamar as amazonas, porque é a tal pergunta que derruba touros, né? Difícil a gente pensar, porque se a gente tivesse isso mais claro do que fazer, talvez a situação já fosse outra. É muito mais ávido na diagnóstica do que na terapêutica. Isso não, isso vai dar errado reproduzir aquilo, não é o caminho que a gente considera aceitável, mas muitos homens reclamam disso na clínica. E, olha, eu quero ser um homem à altura desse novo mundo, mas o que tem na praça para mim é ser desconstruído, significa não ser, desconstruir o que você é para ser um conjunto de fragmentos, uma biela caída com um pistão do lado. É difícil uma resposta assim, né, de como mais prescritivamente a gente poderia atuar sobre isso. Acho que aprender a escutar, muita gente eu concordo bastante com essa abordagem, quando fala da luta antirracismo, eu proponho o seguinte, o caminho é a literacy, o letramento, você ter um letramento racial, um letramento para pensar gênero, um letramento para entender as diversidades de orientação sexual. O masculino precisa de um letramento, não é, em relação a outros universos, para que possa se tornar assim, mais bilíngue sem que isso seja uma ameaça a sua virilidade, ou então que isso o destitua simplesmente de alguns valores excessivamente aderido. Essa alternativa ela não está disponível, não, porque ela tá por se inventar. A gente tenha que escutar um pouco mais do que poderíamos fazer para que isso venha a acontecer. Uma coisa muito importante para minha geração nesse sentido, em contraste com a geração anterior, a geração dos meus pais, foi poder ter aprendido a graça, o prazer infinito, a alegria da paternidade. Você poder brincar com seu filho, ser puro sem aquela distância, participar das reuniões de escola, falar bobagem, participar da vida amorosa do meu filho, eu nunca imaginei que ele ia me contar que estava a fim de uma garota como é que faz, compra um presente. Isso na minha geração era um crime de traição de classe, o cara foi entregar um troço para o outro, você não é macho suficiente para fazer sozinho. Isso é muito legal, eu achei isso muito formativo. Claro, que vai ter assim, reproduções de padrões das masculinidades muito arcaicos, mas quando se discute o patriarcado, poxa nossa sociedade é excessivamente patriarcal, e é. Eu acho que a gente enfatiza pouco que há uma alternativa muito formativa pra próximas gerações, que são paternidades mais democráticas, mais afetivas, menos autocrático, não precisam ser também destituídos de uma certa transmissão da masculinidade. E a gente aprende a ser homem, também com outros homens. E outros códigos e outras linguagens para isso acontecer só vão poder vir assim no contexto dessa transmissão. Bom a gente tem tentado escrever algumas coisas, pensar sobre isso, de como isso tudo está acontecendo numa mudança, o que significa gênero, o que significa raça, mas também numa mudança do que significa político. Do que que são essas ambições de transformação no público e no privado, uma coisa relativamente nova. E como saiu de um momento em que o político era basicamente no campo da representação e caminhou para um campo onde o político é expressão, aliás quem pode falar, quem pode falar para quem, quem pode falar quando, são questões agudas por causa desse deslocamento. Bom, mas nesse processo o tempo é um fator estratégico. Porque se você fala em cotas, dez anos é o suficiente? Para quê? Queremos 20, queremos 30, 50, né? O fato tempo está aí, vai ter uma contenda em que eles têm uma posição dizendo assim, se ainda não foi o tempo de reconhecer. O tempo agora é o reconhecer a desigualdade, a iniquidade, a distribuição historicamente malfeitas, quer dizer é tempo da gente reconhecer então vamos fazer uma outra história, ressignificar o que veio antes para num segundo momento vamos reparar, vamos consertar vamos fazer diferente, vamos articular aí uma terapêutica. Aí é uma discussão estratégica, tem gente que vai dizer assim, olha seria melhor a gente caminhar um pouquinho mais para a frente, que isso pode iluminar e ir criando estratégias transformativas entre gerações e outros que vão dizer, não, não, precisamos de mais tempo nesse capítulo. Se vai mais rápido ou mais devagar, difícil, né, porque cada um vai ter aí o seu ponto de vista também, né? Por que daí se cruza com classe o tempo vai ser um, a outra classe, a temporalidade vai ser outra. A etnia você vai acrescentando outros elementos que tornam essa política mais complexa”.

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Fotos e arte: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Mídias sociais: Luísa Guimarães (@luisa.fguimaraes).

Colaboração: Glaura Santos (@glaurasantos) e Soraia Azevedo (@alvesdeazevedosoraia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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