Com a escritora, doutora em literatura e curadora de literatura indígena Julie Dorrico & escritora, compositora e atriz Márcia Wayna Kambeba, e a participação especial do psicanalista, escritor e professor Christian Dunker

O episódio #65 – Parte 1 do @almasculina traz a escritora, doutora em literatura e curadora de literatura indígena Julie Dorrico (@dorricojulie) & escritora, compositora e atriz Márcia Wayna Kambeba (@marciakambeba), numa conversa especial neste mês que é dedicado a resistência dos 305 povos indígenas no nosso país na visão de duas mulheres que representam – muito bem! a pluralidade e potência dessas ricas culturas.

Nesta 1ª parte do episódio #65, falamos sobre estado plurinacional, estigmas e o lugar dos indígenas na sociedade, articulações das masculinidades a relação com o machismo, matriarcado, diversidade, feminismo e luta antirracista, o conceito de decolonialidade, juventude e tecnologias… E muito mais!

O psicanalista, escritor e professor Christian Dunker (@chrisdunker) “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

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– Ouça aqui o episódio na íntegra:

– Assista à gravação na íntegra no nosso canal no Youtube!

LUGARES COMUNS com o psicanalista, escritor e professor Christian Dunker (@chrisdunker) sobre “Mudancas nas masculinidades”:

PAULO AZEVEDO: “O que você tem percebido nas transformações das masculinidades, tanto na sua vida clínica, quanto na acadêmica onde você atua como professor e como pesquisador.”

CHRISTIAN DUNKER: “Os homens se sentem, assim acuados, provocados quando não estão respondendo, o aumento que a gente vê, de violência contra mulher, poxa isso é sério! Porque aumento, porque se tivesse a curva estável, você diria ah, não estamos conseguindo reverter, mas aumento é um dado significativo, porque vai falar de como o sujeito sente que está perdendo território, ele está perdendo prerrogativa de gozo, ele está perdendo. Isso vai levar a retomada, ou reações, mais brutalizadas, própria do fato do sistema estar transiente. As questões óbvias como a gente pode desenvolver uma masculinidade que não seja tóxica, que não seja agressiva, como dar conta do nosso passado machista, o que que é o machismo, quais os tipos. Se tornou um debate forte para muitos homens e por outro lado muitos homens pela própria experiência mais matizada de gênero ela é agressivizante, ela é uma ameaça para mim. Você tem aí dois grupos, um grupo batendo o bumbo e dizendo ‘vamos reagir’, o grupo do Jordan Peterson, já ouviu falar desse cara? Esse cara sucesso mundial defendendo: ‘Ei, homens acordem! Vamos ao contra-ataque!’. Tudo bem têm outros representantes do outro lado, o que que isso fala? Fala de uma divisão dentro do campo do masculino, se é que isso é um campo, não é? Como efeito da complexidade, porque isso do ponto de vista da clínica tem outra versão. Você se tornar mulher ou homem é uma coisa complicada pra caramba sempre e cada vez, por todos os lados que você puder imaginar. É adolescência, interveniências desejosas, maus encontros, é uma equação bem ferrada para alguém possa dizer sou homem no fim ou acho que estou mais para cá ou outro dizer acho que sou mulher. Veja que num cenário como esse a força e a impelente para você se nomear e dentro de uma dimensão política acrescentam a mais o sofrimento. Não só importante, mas virou muito importante. Tem levado ao que a gente chama de muitas atitudes esquivas em relação a esse tema: ‘Não sei, não sei e não quero saber. Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe’. Porque isso já está tão complicado dentro, que ter essa certeza, essa convicção, que ter essa convicção fora, prefiro me abster, isso acaba atrasando, criando conflitos adicionais…”

PAULO AZEVEDO: “É o famoso: como assim, gente, mal estou dando conta das minhas questões que não me venha com outras que vão afetar minha identidade, né?”

CHRISTIAN DUNKER: “E as externas são internas, porque a gente viu, porque uma mulher dizendo coisas assim ela afeta sua masculinidade, ela afeta seu desejo viril, vamos chamar assim, né? E vice-versa, né? Você pode nomear, arriscar, uma pauta que chegou nos consultórios, porque foi realmente assim bloqueada, socialmente, é a pauta da sedução, como você paquera mulher. Vai no Tinder, vai no…aí está prêt à porter. Está lá, todo mundo sabe, você quer isso, crava as cruzinhas, diz e daí leva o Mac Lanche Feliz para casa. Tem gente que vai dizer, não, mas eu gosto de uma outra coisa que é não saber o que eu quero. Eu vou descobrir junto, mas isso vai implicar em sedução, sedução é muito difícil, muito complicado.”

PAULO AZEVEDO: “É.…ainda tem essa crença de que os algoritmos vão resolver e esclarecer para a gente quais são os nossos desejos, né?”

CHRISTIAN DUNKER: “Se você disser, eles resolvem, mas se você não sabe! Clique aqui e ganhe, se fosse assim não tinha o problema!”

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Fotos e arte: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Colaboração: Glaura Santos (@glaurasantos) e Soraia Azevedo (@alvesdeazevedosoraia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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