Com o chef e empreendedor social David Hertz (@davidhertz) e a participação especial do psicanalista, escritor e professor Christian Dunker

O episódio #66 – Parte 1 do @almasculina traz o chef, empreendedor social e co-fundador da @gastromotiva e @social_gastronomy David Hertz (@davidhertz), numa conversa, com muita sustância e vários sabores, sobre gastronomia social, desigualdade, educação sexual, judaísmo e autoconhecimento, relação com os pais… E muito mais!

O psicanalista, escritor e professor Christian Dunker (@chrisdunker) “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

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– Ouça aqui o episódio na íntegra:

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LUGARES COMUNS com o psicanalista, escritor e professor Christian Dunker (@chrisdunker) sobre “Masculinidades e educação sexual”:

PAULO AZEVEDO: “Eu sempre recebo muita mensagem de pais e mães aqui no Almasculina, inquietos, diante da estrutura educacional, principalmente, com a pandemia que aí virou online e outras questões que se acumulam nisso, mas educação e sexualidade. Como abordar esse assunto num contexto tão moralista e conservador como o que a gente está vivendo hoje no Brasil, nas escolas e nas famílias e como tratar disso para crianças e jovens, dai-nos a luz!”

CHRISTIAN DUNKER: “Essa é uma pergunta realmente superimportante e a gente precisa fazer história disso de quanto a gente não lutou para que gerações pudessem ser minimamente informadas sobre o universo sexual, não reduzido ao universo do reprodutivo, mas também a ele ligado, o universo do prazer, o uso dos prazeres, quantas gerações não vieram de pessoas que passaram vidas infelizes, amarguradas, assediadas por preconceito, opressões contra o prazer. Ter prazer é uma coisa assim que você tem que tirar da sua vida, é ruim para sua vida. Mau, uma pessoa malvada se você gosta do prazer. Nota como isso vai se deslocar pra drogas são perigosas, por quê? Vai perguntar lá o Hart, bom porque elas levam a gente ao prazer e o prazer enlouquecem as pessoas, olha só que coisa horrível. Vamos acabar com esse negócio! Depois Freud, Freud tem um texto maravilhoso de 1908 dizendo o seguinte, olha a nossa moral dupla trata as mulheres de um jeito e os homens de outro e todo mundo com essa hipocrisia do prazer é uma coisa nociva, perigosa, hedonista, transforma todo mundo em indivíduos enlouquecidos e egoístas. De 15 anos para cá, 20 anos, a gente esqueceu. Há um recalque histórico. É como se assim, a educação sexual qualquer internet faz. Num está lá internet, então vai lá, cada um se vira. Ah, eles sabem muito mais que a gente sabia, porque a gente não consegue conter, então vai que a natureza marca, como se diz no futebol. E discutir isso mudou o escopo, nós não estamos mais com a ideia de que isso pode ajudar as pessoas a se emanciparem, pode ajudar as pessoas a serem amis críticas, pode ajudar as pessoas a terem cuidado ou verem um cuidado consigo, com os seus prazeres também, vamos facultar a ter essa experimentação seja a de cada um, no seu percurso. Não, não, não, isso é perigoso, tornar essa pauta numa violação, numa coisa bizarra, que a gente vê nos debates assim, às vezes até semieruditos, que você começa a discutir a homossexualidade masculina, a terceira pergunta já é pedofilia, de onde o senhor tira essa associação? Ah, vão juntas, você não consegue falar do prazer, do déficit de narrativas que a gente tem na nossa cultura, onde é que estão os filmes, as peças de teatro, onde é que está o imaginário que forma uma boa relação com o prazer. E também no registro homossexual, isso é cultura, não adianta você fazer a mesma novela heterossexual e dizer, olha, vocês se virem aí. Mas o cara, ele vai transformar isso numa questão de ah, olha lá violência, vai violar a criança. O que isso denuncia? Uma teoria tosca daquela que nunca passou pela escola, que não discutiu isso abertamente, que tem vergonha, que acha que alguém vira homossexual, que alguém ficou gay porque o gay foi lá e mexeu com ele. Pôs esse germe, essa ideia horrível, dentro da cabeça dele, aí ficou gay. A pergunta que tantas mães se fazem: o que eu fiz de errado? Porque em algum lugar teve lá um trauma, esse trauma sexual, então é pedofilia. Homossexual é pedofilia, é errado, mas rola a granel, fala-se direta ou indiretamente. E, nas nossas escolas onde se discute habilidades sócio emocionais, empatia, formação de grupos, racionalidade ética, cadê a educação sexual? Sumiu. Sumiu, isso é uma coisa que tinha no Brasil há 20 anos e, hoje, assim, tem lá alguns manuais. Havia toda uma infraestrutura para você formar educadores que fossem habilitados para discutir isso, isso virou informação meio dentro da Biologia…E relações humanas?  Como é que o desejo acontece, o que que o amor tem que ver com o desejo? Como você descobre suas fantasias? Que papel tem as fantasias na relação consigo, na relação com o prazer, zero! E junto com isso, Freud está morto, né? Foram 5 capas da Time desde então, Freud está morto! Está vivo o quê? A moral sexual civilizada, incivilizada, vamos dizer.”

PAULO AZEVEDO: ”E o mais louco disso tudo, te ouvindo falar, Christian, é pensar que a sexualidade é a prática sexual, e não entender que é a sua relação com o seu corpo. Homens têm pânico ainda hoje, de fazer exame de próstata, é? A expectativa de vida dos homens é 7 anos menor que das mulheres, matam mais, morrem mais. Isso do abuso sexual que você falou, quantas histórias muito próximas de amigas, abusadas por tios, irmãos, aí fica essa associação de pedofilia, de alguma coisa, como se fosse somente um mal homossexual. ”

CHRISTIAN DUNKER: “Realmente, essa turma que está aí, um dia tem que ir para um julgamento em Nuremberg. Porque impedir que as crianças falem de sexualidade, é você também, despreveni-las para o assédio. A maior parte daquelas pessoas que dizem assim: “Puxa, eu fui assediado, o meu tio me avançou” E, não declaram, é porque, “eu fiz alguma coisa, eu senti um prazer, então eu sou culpada também. Não, mas isso é coisa de homem. Homem é assim, a mulher é assado, todo o universo anacrônico de relações com prazer, que segue agora com política de estado. Não é à toa que o cara foi eleito a partir de uma mamadeira de piroca. É um mito, a gente sabe que não, mas quando o mito, ele é eficaz, você tem que olhar para as pessoas. Estamos diante de uma civilização que acredita em mamadeiras de piroca. Outra teoria de como um cara vira gay, é porque tem a mamadeira de piroca. Ninguém faz essa pergunta: “Isso vai gerar uma geração de mulheres que vai gostar de sexo oral? ” Não! Ninguém pensou nesse lado da coisa, só do lado da violação, da violência contra crianças e mulheres estão em perigo. ”

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Fotos e arte: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Colaboração: Glaura Santos (@glaurasantos) e Soraia Azevedo (@alvesdeazevedosoraia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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