Com a designer de interativos, violonista e astróloga Márcia Brandão e a participação especial do psicólogo e criador do podcast “A Loucura Nossa de Cada Dia”, Guilherme Facci é o nosso convidado no “Lugares Comuns”,

O episódio #69 do @almasculina abre a série que resgata 3 pérolas do nosso arquivo, gravadas em 2020, com 3 convidados que já passaram pelo almasculina para uma série especial! Essas conversas revelam uma atualidade impressionante! Exploramos as masculinidades brasileiras para tratar de temas que estão intimamente ligados à nossa realidade e buscar caminhos para encontros mais viáveis para todo mundo!

Você vai reencontrar muitas das questões que tratamos ao longo de 4 temporadas neste seu espaço de resistência afetiva na podosfera, a partir da visão da designer de interativos, violonista e astróloga Márcia Brandão (@mbacultural), do episódio #21, que abre essa nossa série; seguimos com o comunicador e empreendedor Ken Fujioka(@kenfujioka @naruhodopodcast), do episódio #24; e encerramos com o nosso convidado do 7º episódio, o escritor e dramaturgo Marcelino Freire (@marcelino_freire_escritor).

O psicólogo e criador do podcast “A Loucura Nossa de Cada Dia”, Guilherme Facci (@guilherme.facci), é o nosso convidado no “Lugares Comuns”, quadro que dá voz a especialistas, gente que pesquisa e entende muito do assunto, explicando termos, conceitos e ampliando a nossa visão sobre tópicos mais específicos.

E desde já agradecemos a todos os nossos apoiadores, em especial: Alexandre Valverde, Ana Maria de Lima Rodrigues, Danilo Azevedo, Felipe Rocha e Juliana Dias.

– Ouça aqui o episódio na íntegra:

– Assista à gravação na íntegra no nosso canal no Youtube!

LUGARES COMUNS com o psicólogo e criador do podcast “A Loucura Nossa de Cada Dia”, Guilherme Facci (@guilherme.facci), sobre “Síndrome de Peter Pan e Complexo de Wendy”:

PAULO AZEVEDO: “Frequentemente, recebo mensagens de mulheres falando sobre a maturidade tardia de seus filhos e parceiros. Como a da ouvinte Mônica Catelli (@monicafcantelli): “Por que os homens gostam tanto de sofá mesmo vendo as mulheres para lá e para cá fazendo as coisas de casa? Já pensei ser fruto de gerações e gerações machistas, mas vendo meus sobrinhos e filho agora penso que é alguma coisa genética. As mulheres querem resolver, não tem ‘quando der faço’. Jesus!!!!!!!!!!”. Isso me remete à “Síndrome de Peter Pan”, reconhecida pela psicologia em 1983 com o livro “Síndrome do Homem que Nunca Cresce”, do Doutor Dan Kiley. Para que essa incapacidade dos homens de amadurecer e tomar responsabilidade, numa infância eterna, exista e persista é preciso uma codependência com outra pessoa com o “Complexo de Wendy”, que entende o amor como sacrifício? Esse formato de relação, inclusive presente entre amigos e familiares, é exclusiva da Heteronormatividade? ”

GUILHERME FACCI: “Ótimo, essa pergunta Paulo, ela pode ser dividida em vários temas ou tópicos. Eu começaria pelo final, porque no final você já começa na tua pergunta a dar um pouco da resposta. Infelizmente ou felizmente, não é uma questão genética. É uma questão cultural, pelo menos para a psicanálise que eu trabalho, a vertente psicanalítica que eu sigo, a genética está mais ou menos fora de questão. Então tem uma questão cultural e eu dividiria aí entre o par neurótico- obsessivo e a mulher histérica ou o contrário um homem histérico e uma mulher neurótico- obsessiva. Para começar a dar conta e desconstruir um pouco esses lugares, porque não necessariamente a imaturidade é uma coisa apenas do homem. Claro isso foi sustentado porque a mulher assumiu muito mais responsabilidades, por toda questão estrutural que a gente sabe muito bem de acumular muitas tarefas, isso existe, não está descartado, ainda existe, embora a gente veja hoje o que era um pai na geração do meu pai, por exemplo, que tem 80m anos, meu pai é da geração um pouco anterior a dos “baby boomers”, é a geração “silent”, olha que interessante. ”

PAULO AZEVEDO: “Não conheço essa! ”

GUILHERME FACCI: “É uma geração curta, antes dos baby boomers, mais ou menos entre 40 e 45, “silente” porque eles pegar um pós-guerra, pais que viveram, quer dizer, o pai do meu pai pegou a depressão, o meu pai teve que abaixar a cabeça e trabalhar e não falar mais nada e era isso, a função do homem era aquela, naquela época. Quer dizer, você colocar um pai hoje, no papel da paternidade, hoje mudou muito, pai completamente, muito mais próximo, existe troca afetiva, coisas que especificamente nessa geração eram poucas exceções, né? Acho que a gente deveria diversificar um pouco mais e desmontar um pouco mais o que é ser homem hoje, eu não saberia te dizer nem o que é ser mulher, nem o que é ser homem, não tenho essa resposta. A gente está desconstruindo o que é ser homem, para construir alguma coisa. Isso já é um grande passo, o que essa ouvinte perguntou, é verdade, acontece, ainda, eu brinco, às vezes em consultório, nossa, mas você é mãe do seu marido! Você tem dois filhos, quando ela fala, eu tenho um filho que me demanda muito e começa a falar do marido, você não tem um filho, você tem dois filhos. O filho de 40 anos, 50 anos com quem você é casada é o que te dá mais trabalho, mas isso acontece ao contrário, também, então, assim, não é só o homem que fica deitado no sofá. Ah, eu acho que passividade/atividade, esse par sintomático entre histeria e neurose obsessiva, a gente não pode mais dividir por gênero.”

PAULO AZEVEDO: “Dá só uma palhinha rápida do que seria um sintoma neurótico obsessivo e um histérico, por mais que os estudos indiquem isso, que não há uma divisão de gênero e também não significa que só aconteça numa relação afetiva-sexual, pode ser uma relação mãe e filha, entre amigos, pode ser nas relações de trabalho, daquela pessoa que deixa demanda para o outro fazer porque ele dá conta…”

GUILHERME FACCI: “Claro, a questão é sintomática. Ah, então, o que é o sintoma, quando a gente existe no mundo e qual foi a maneira que a gente criou para lidar com as questões da vida. Os neuróticos, todos nós somos neuróticos, se não for psicótico, mas assim, a grande maioria neurótica, então vai ser em todas as áreas da vida, não vai ser só com o filho, só com a mulher, só com o marido, só com o chefe. Vai ser em todas as áreas, isso vai permear, então o que seria o histérico, eu vou inverter um pouco para sair do padrão, o histérico e a neurótica obsessiva, a histeria e a neurose obsessiva, os dois lidam muito mal com o desejo, é uma maneira de se esquivar do próprio desejo, a gente cria neurose porque a gente tem medo, o desejo coloca algumas questões em destaque que muitas vezes a gente quer evitar. Desejar angustia porque exige uma aposta que a gente não sabe direito se a gente vai conseguir sustentar. Os neuróticos, sejam histéricos ou neuróticos obsessivos vão lidar com o desejo de estilo diferentes. O histérico é aquele que aponta o tempo todo a falta no outro, ninguém é suficiente, todos são impotentes. A gente pode ver isso em mulheres ou homens, vamos colocar o termo queer.”

PAULO AZEVEDO: ”Implodir o binarismo! ”

GUILHERME FACCI: “Vamos implodir o binarismo, porque para a psicanálise desde Lacan, fórmulas da sexuação, eu vou entrar nas fórmulas da sexuação aqui, não binário está dado desde 1970, Seminário 20. Ele foi para a lógica, e ele criou uma lógica, Lacan cria uma lógica, subverte alógica aristotélica formal e ele vai para o não binário desde sempre. É os psicanalistas que alguns leram muito mal ou não leram ou não pesquisaram. E tem a parte do próprio Lacan que ao mesmo tempo que ele fala do não binário, ele fala do lado não todo fálico, ao mesmo tempo que ele faz isso, nas Fórmulas da Sexuação, ele faz na minha leitura uma grande cagada porque ele divide o lado todo fálico do lado não todo fálico ele faz isso justamente pra fugir do binarismo formal da lógica aristotélica onde está estruturada a nossa linguagem, ele vai pra lógica para consistente tenta sair do binarismo e ao mesmo tempo ele vai lá e nomeia como lado homem e lado mulher.”

PAULO AZEVEDO: “Cai no binarismo! ”

GUILHERME FACCI: “Ele cai no binarismo, ao mesmo tempo que eu acho uma cagada, tem um outro lado que é o seguinte, ele poderia não ter nomeado desse jeito, dessa maneira, tem um pouco do sintoma dele aí, gente. Ele deixou a orientação dele para a gente avançar, querer que o homem resolva o que a gente não resolveu 50 anos depois, ainda, então, devagar, né? Que ele deixa a riqueza da orientação lacaniana, a lógica que ele extrai a partir do ensino freudiano onde o não binário está dado, quando ele coloca o lado não todo fálico, subvertendo os quantificadores aristotélicos, universais, particulares, ele subverte, ele muda a barra da negação dos quantificadores aristotélicos, o que eu estou querendo dizer, é o seguinte, ele cria o lado que não é todo referido ao falo. Então, ele já desmonta essa estrutura de saída, gente!”

PAULO AZEVEDO: “E, aí nesse caso dessa relação entre Síndrome de Peter Pan e complexo de Wendy, essa Wendy tudo é sacrifício, tudo é doação, tudo é para o outro, isso independe, resumindo o que a gente chegou até aqui, independe de homem e mulher, pode estar numa relação homo afetiva, pode estar numa relação entre amigos, mas, necessariamente é uma relação de complementaridade, porque para que esse Peter Pan cresça, precisa duma Wendy dar um basta ou um limite pra que essa Wendy saia desse papel ou que  esse Peter Pan saia do papel precisa não ter uma relação independente que seja, que essa relação neurótica aí não se estabeleça.”

GUILHERME FACCI: “Perfeito! Ou, justamente para que ela se estabeleça que se um ou eles não sabem do gancho sintomático é um problema.”

PAULO AZEVEDO: “O gancho sintomático, o que seria?”

GUILHERME FACCI: “A que aponta sempre o problema ou que aponta o problema do outro que seria a histeria, a base da histeria, olha você é insuficiente, você não é homem suficiente, o problema é o outro, uma das questões da histeria é essa porque você aponta a histeria no outro, mas nunca em si mesmo e o neurótico obsessivo tenta resolver o impossível, resolver é a grande verba do obsessivo, resolver ou salvar, dois verbos problemáticos. Resolver o impossível que o outro te apresenta, parar de desejar. O ideal do neurótico obsessivo é que o outro não deseje nada dele, porque o neurótico obsessivo transforma desejo em demanda. Então, parar de ser demandado. Vamos colocar aqui um neurótico obsessivo homem e uma mulher histérica, ou duas mulheres, vamos colocar uma histérica e uma neurótica obsessiva um casal sintomático que se enganchou exatamente aí. Aonde uma aponta a impotência, a outra tenta resolver e salvar. Perfeito! É o que eu chamo de tempestade perfeita, engancho sintomático, está bem enganchado, deu match ou deu merda.”

PAULO AZEVEDO: “Que é a mesma coisa nesse caso”.

GUILHERME FACCI: “Agora não tem problema, desde que você saiba mais ou menos qual é a sua posição aí, porque deixa de ser repetição e aí passa a ser decisão.”

PAULO AZEVEDO: “Aí é que está o ponto, mesmo antes de toda revolução, movimento feminista, dos movimentos LGBTQIA+, movimento negro, a gente ainda vê discursos que colocam a mulher como uma Wendy vitimizada de um homem com essa síndrome de Peter Pan. A Mônica trouxe isso, voltando à pergunta aqui, eu tenho filhos que reproduzem meu pai, meu marido. Que dica você dá para romper com isso, de quem tem um Peter Pan, ou uma Peter Pan, não sei como fala isso não binário, a tiracolo?”

GUILHERME FACCI: “Ela coloca como uma questão genética. Ela brinca, mas está ali no discurso dela. Meu ouvido aqui pegou essa parte. Colocar como uma questão genética é uma excelente maneira de se desimplicar, pois se é uma questão genética não posso fazer nada.”

PAULO AZEVEDO: “Se é um fatalismo junto com um dado existencialista de que o homem é assim.”

GUILHERME FACCI: “É uma questão genética e eu sustento, e pode ser um grande álibi para ela sustentar a proposição. Ela tem um ganho aí, gente, esse é o problema. No campo do gozo para a psicanálise, é aquele lugar onde existe sofrimento, mas existe ganho, também, em sustentar o reconhecimento em ser essa mulher, talvez, eu não tenho ela em análise, eu não posso fazer uma psicanálise selvagem sem escutá-la. Não me autorizo a isso, mas colocar como questão genética é…eu já escuto como discurso de alguém que está implicado, e tudo bem. Quando eu fui procurar minha análise eu demorei um ano para me implicar naquilo que eu me queixava do outro. Não é um processo óbvio, tão simples, tão rápido. Olha, gente eu não recomendo muito psicanálise, dá trabalho.”

PAULO AZEVEDO: “Eu recomendo, gente, dá trabalho, mas é bom, viu?”

GUILHERME FACCI: “Dá trabalho, não é fácil, mas tem ganho. Alguém só sustenta essa posição porque tem ganho.”

PAULO AZEVEDO: “Não, lembrei de um padre amigo da minha família, que ele falava o seguinte, você tem uma ferida, no mínimo duas saídas você tem para lidar com ela, ou você coloca band-aid e ela ainda vai estar lá ou você raspa até osso e deixa o sangue novo vir para que ela realmente cicatrize e cure, né?”

GUILHERME FACCI: “E o que é cura para a psicanálise nesse sentido de que a metáfora da cicatriz seja interessante, porque vai ficar uma cicatriz e vai ficar uma marca e essa marca é sua, faça bom uso dela porque a gente vai chegar numa marca que de alguma maneira é irredutível. A psicanálise não é uma adaptação, você não vai se adaptar a algo. Que uma mulher ou um homem que se coloca na posição de obter reconhecimento e ganho ao se sacrificar pelo marido, que isso possa ser uma escolha não um imperativo, se esse for o caso, senão começa a ter pelo menos algum ganho aí. Então, casal de neuróticos, normalmente se sustentam, nesse engancho sintomático, ah para a histérica e para o histérico nada é suficiente, ela se exime ou ele se esquiva do desejo pela via da impotência do outro. O neurótico obsessivo se esquiva do desejo pela via da impossibilidade, do impossível, olha, ele eleva, ele idealiza o desejo ao extremo da impossibilidade e fala: está bom, já que é impossível eu posso abandonar isso daqui. É um belo álibi, a gente usa tantos álibis, né? O dinheiro, a falta de tempo, os filhos, é um belíssimo álibi, o governo, o governo hoje em dia talvez não seja mais álibi, o governo hoje em dia é fato, virou concreto.”

PAULO AZEVEDO: “Acho que tem uma metáfora, uma frase que eu escuto muito que é: mas ele é assim.”

GUILHERME FACCI: “E aí permanecemos, é possível se queixar sobre isso durante uma vida, é o que a grande maioria faz, não é todo mundo que está disposto a se questionar, mudar de posição, dá trabalho, é angustiante, não tem garantia, mas eu posso dizer só da minha experiência como analisando que me ajudou muito, para mim, foi possível sair de uma posição que durante muito tempo eu achei que não houvesse saída, eu achei, não, eu tinha certeza absoluta. Era de uma consistência muito grande meu imaginário e meu psicanalista teve muita paciência, saber esperar. E falando sobre os álibis, o casamento, talvez seja um grande álibi. Eu não dei a volta ao mundo de veleiro, porque eu sou casado, a minha mulher não deixa, ela não gosta do mar, quer dizer eu não estou disposto a, eu não me implico, eu não quero aprender a velejar, dá trabalho, eu não quero comprar um barco a vela, investir, eu tenho medo do mar, mas eu falo que minha mulher é que tem, você percebe? E aí o casamento é uma maravilha para você colocar toda a sua covardia no outro. Já dei alguns álibis aqui, existem…são muito singulares e nem sempre a gente isola um do outro, é um conjunto de circunstâncias, mas existe escolha. Eu preciso acreditar porque se eu não acredito que existe escolha, como que eu posso tomar alguém em análise? Tomar alguém em analise achando que a escolha é impossível ou que não existe saída, é um fatalismo muito grande, absoluto. Aí vem o Viktor Frankl se a gente quiser elevar ao extremo do horror, vem o Viktor Frankl que é um psicanalista que viveu na época do Freud mais ou menos só que o Freud saiu exilado de Londres com Marie Bonaparte ajudando-o a sair de Viena e o Viktor Frankl foi capturado, era um judeu também, psicanalista e foi pra Auschwitz. E a partir da experiência dele em Auschwitz ele constrói a logoterapia, ele constrói uma vertente da psicanálise, vamos dizer assim, com uma crítica dura ao Freud em alguns momentos, que eu gosto bastante dessa crítica dele. E ele coloca que no maior horror possível, que alguém que viveu e sobreviveu a um campo de concentração, ele faz um estudo porque alguns se suicidavam outros conseguiram permanecer vivos, nem sempre, alguns foram assassinados, mas dos que sobreviveram, porque alguns se mataram e outros, não. Ele vai falando sobre propósito, sobre sentido e fala que no maior horror possível, as pessoas, os colegas de campo de concentração tinham comportamentos e saídas muito diversas, tinha escolha, ainda que a escolha fosse morrer e não entregar alguém e colega. Ele tem uma construção onde ele vai falando sobre que existe algum fio de escolha e de decisão no maior terror possível, acho que isso é uma das mensagens mais importante que ele deixa.”

almasculina é feito por:

Idealização, roteiro, edição e apresentação: Paulo Azevedo (@pauloazevedooficial).

Trilha sonora original e mixagem: Conrado Goys (@conza01).

Fotos e arte: Vitor Vieira (@vitorvieirafotografia).

Colaboração: Glaura Santos (@glaurasantos) e Soraia Azevedo (@alvesdeazevedosoraia).

Realização: Comcultura (www.comcultura.com.br).

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Comments (1)
  1. Que lindo! As colocações da Márcia foram bem didáticas,rs e faz pensar muito no quanto necessitamos evoluir…Quanto a fazer parte da jornada @almasculina, um prazer e um aprendizado constante, amado! Sigamos

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